Hagop Koulkdjian nasceu em 3 de maio de 1906, na cidade de Sis (hoje Kosan) -
Turkia. Filho de Krikor Koulkdjian e Khatoun (Chalikian) Koulkdjian. Tinha 3 irmãs:
Madie (Maxim) (Koulkdjian) Kerbeyikian, que viveu em Presidente Altino; Sirvat
(Koulkdjian) Papasian, viveu na Argentina; e Anush Koulkdjian, viveu na Rússia.
Chegou ao Brasil em 1926 com vinte anos de idade. Hagop foi o primeiro fotógrafo a
se estabelecer em Osasco. Morreu em 18 de junho de 1988, com 82 anos, em Osasco,
São Paulo, Brasil. Esta sepultado no cemitério Bela Vista em Osasco.
Os armênios têm prestado uma importante contribuição para o desenvolvimento da
sociedade brasileira, atuando nos mais diversos setores da vida privada e pública
nacional.
A comunidade Armênia se organizou ao redor de sua igreja e escola. Surgiram também
agremiações esportivas e culturais. Hoje, além dos armênios radicados em Osasco e
São Paulo, há comunidades importantes também no Rio de Janeiro e em várias outras
cidades pelo Brasil.
Vou aqui descrever sobre um desses imigrantes, que se fixou em Osasco, e adotou o
Brasil como sua segunda Pátria, meu avô Sr. Hagop Koulkdjian de quem herdei o nome.
Hagop Koulkdjian e Vahantin (Kouyoumdjian) Koulkdjian
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Breve Histórico
Em 1926, com 20 anos de idade chega ao Brasil o Sr. Hagop Koulkdjian, oriundo da
cidade de Sis. Tomar o trem com irmãs e outros imigrantes e chegar no então Km. 14 da
Sorocabana, Estação Presidente Altino, era realizar um sonho.
Afinal o caminho iniciado na Pátria de além mar não tinha sido fácil ou agradável
para esses imigrantes. Ter um sonho fazia parte do processo de resistir ao
sofrimento que lhes foi imposto pelos turcos otomanos.
Em Presidente Altino já havia alguns armênios, e estes ajudavam os recém chegados.
O Sr. Hagop era fotógrafo, e iniciou sua atividade como fotógrafo ambulante, e
carregava aquela câmera com tripé conhecida como “lambe-lambe”. Assim trabalhou por
vários anos, tomando o trem e indo a várias regiões de São Paulo para realizar seu
trabalho.
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Em 1933 casa-se com Vahantin Kouyoumdjian, como ele oriunda da mesma cidade de Sis.
O casamento foi realizado na Igreja Apostólica Armênia. Vahantin com 20 anos de idade
e Hagop com 28 anos, residentes na Avenida Armênia nº 6, Vila Cerâmica em Osasco, em
19 de abril de 1934 dá a luz ao primeiro filho Krikor Koulkdjian neto.
Em 10 de Julho de 1936, na casa da Avenida Armênia nº 6 - Vila Cerâmica em Osasco,
nasce o segundo filho, agora uma menina, batizada com o nome de Knarik.
Vahantin à época com 22 anos de idade e Hagop com 30 anos.
A partir do final do ano de 1936 O Sr. Hagop passa a fazer diversas viagens a Recife,
Pernambuco e diversas cidades do Nordeste, com o amigo Apkar Cholakian, onde seu
trabalho como fotógrafo ambulante se desenvolve bastante.
Asniv Cholakian filha de Apkar Cholakian
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Conforme narrativa de Asniv Cholakian, filha de Apkar, esta viagem, dos dois amigos,
foi repleta de aventuras e situações complicadas, conforme contou seu pai: Entre
tantas talvez, a situação mais difícil, tenha sido quando foram presos pelo grupo
do Lampião. A princípio, o grupo queria apenas lhes tomar o dinheiro, porem diante
do fato de serem estrangeiros, e vindos de São Paulo, dois aspectos odiados por
Virgolino (Lampião) e seu grupo, a situação se agravou, e passaram a ser prisioneiros
do grupo.
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Durante meses, as famílias de Hagop e Apkar, ficaram sem notícias, e em difícil
situação já que cessaram o envio de notícias e de dinheiro, por carta.
À medida que o tempo passava a angústia e desespero aumentavam. As famílias já
cogitavam a possibilidade de estarem mortos, pois nunca ficaram tantos meses sem
dar notícias. Restava apenas rezar e se ajudarem mutuamente.
Finalmente o grupo do Lampião resolve libertar Hagop e Apkar, segundo disseram,
essa libertação se deu por influência de um fotógrafo libanês de nome Benjamin.
Quando parecia que a situação iria se acalmar, Hagop e Apkar, são presos pela
polícia de Pernambuco, dessa vez por serem estrangeiros e estarem sem seus
documentos.
Esta situação se resolveu, em pouco mais de um mês, quando os contatos por carta
com as famílias se restabeleceram.
De volta a São Paulo, Hagop fica sabendo que a pequena Knarik falecera em 13 de agosto
de 1937 de (pielite colap card) conforme descrito em seu atestado de óbito.
Em 1939 Osasco passa pela 2ª Inspeção Sanitária, que mostra pouco desenvolvimento nesta
área.
Bairros em fase de loteamento, segundo esta inspeção: Osasco, Vila Osasco, Vila
Bussocaba, Jardim Belo Horizonte, Vila Militar, Quitaúna, Mutinga e Piratininga.
Existiam balsas para a travessia do rio Tietê.
A população é composta por italianos, balcânicos, anglo-saxões, russos, poloneses,
armênios, poucos alemães, alguns sírios e suecos.
Em 1938, as condições de vida coletiva, sanitária, educacional e comercial, permaneciam
estacionária. A organização sanitária não existia, com exceção das grandes industrias.
As companhias empregadoras mantêm serviços de reabastecimento de alimentos, água e luz
nas vilas residenciais organizadas, o que faz o inspetor comodamente concluir que:
“logo, o operário que aí mora não precisa recorrer ao comércio local. Cria-se assim um
círculo vicioso. Bairro de operários, portanto, população numerosa e recursos
progressistas em decadência”.
A Cia. Cerâmica Industrial Osasco empregava 230 operários e a fábrica de tecidos
Beltramo, 180 homens e 220 mulheres.
Sobre a saúde, escreveu: “O distrito compõe-se quase que exclusivamente de operários, e
justamente esta classe é que mais irregularmente se alimenta, bem como tem as piores
condições de higiene. Mortalidade por diarréia e enterite em menores de 2 anos:
554 óbitos. Maiores de 2 anos perfazem um total de 52 óbitos/ano.
Moléstias de Maior Incidência:
- Diarréia e enterite em menores de 2 anos = 554
- Afecções do aparelho circulatório = 175
- Bronco pneumonia = 151
- Aneurisma ou Arteriosclerose = 107
- Aparelho respiratório = 104
Drs. Alcides de Oliveira Guimarães e Caetano Juvellia são proprietários de pequenas
clínicas particulares e moram no local. Dr. Ari Doria também tem clínica no distrito,
mas não mora nele.
Condições sanitárias do Distrito:
- Problemas da água:
“Água encanada é privilégio das indústrias. Abastecimento residencial por poço”.
“As fossas sanitárias ficam nas imediações dos poços e muitas vezes pegadas às fossas.
Estando esta em local mais alto que o poço, o que mais que justifica o alto índice de
mortalidade infantil por diarréia".
"A Cia. Cerâmica Industrial Osasco tem poço artesiano de 49 metros, com rendimento de
12 mil litros/hora. A extração é feita por bomba que recolhe a água em uma caixa de 45
mil litros. Desta água, a população se serve em uma torneira instalada na frente do
prédio.
A fábrica de tecidos Beltramo & Cia. tem poço com 70 metros, com capacidade de 14 mil
litros/hora, e a caixa central com 60 mil litros/hora. Nesta fábrica, também há uma
torneira no lado de fora para uso da população.
Hagop chateado e triste pela morte de pequena Knarik, passa a se concentrar com muita
determinação em seu trabalho, e volta a seus antigos pontos na Estação da Luz, e
praça da República ainda como fotógrafo "Lambe-Lambe".
Em 19 de janeiro de 1939, o casal, Hagop e Vahantin, voltam a brilhar de alegria com o
nascimento da filha Alice.
Hagop, agora com uma economia acumulada nos últimos dois anos, fixa seu comércio
fotográfico na Rua Antônio Agu em Osasco, à época um bairro abandonado de São Paulo,
no número 90 em um salão alugado, próximo da estação ferroviária. E por falar em
economia meu avô sempre dizia: _"Se ganhas $100, viva como se $40 ganhasse".
Abaixo fotos de Osasco em 1932 e parte do largo da Estação em 1937
O Sr. Hagop tinha o objetivo de adquirir uma casa própria para sua família de
preferência na Vila Cerâmica (atual bairro de Presidente Altino), onde já moravam de
forma provisória e, onde se concentrava a maioria dos armênios.
No começo de dezembro de 1939, mais precisamente no dia 2, o casal Hagop e Vahantin se
veem diante de mais um triste acontecimento, falece a filha Alice, por disenteria
amebiana, que não chegou a completar um ano de vida. Tanto Alice como Knarik foram
sepultadas em área pública do cemitério Bela Vista em Osasco.
No dia 30 de junho de 1941 o casal Hagop e Vahantin voltam a brilhar de alegria com o
nascimento de mais um filho, dessa vez um menino, batizado com o nome de Manoel Manug.
O filho Krikor com 8 anos agora ajuda a mãe a cuidar do pequeno Manoel. O endereço
do Sr. Hagop ainda é o mesmo porém a Avenida Armênia nº 6 agora passou a se chamar rua
Vitor Meireles nº 6 em Osasco.
O Brasil vive o periodo do golpe de 1937, sendo governado pelo presidente Getúlio Vargas
até 1945.
Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, foi uma ditadura brasileira instaurada
por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou até 29 de outubro de 1945.
Foi caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu
autoritarismo. É parte do período da história do Brasil conhecido como Era Vargas.
Em 10 de novembro de 1937, através de um golpe de estado, Vargas instituiu o Estado Novo
em um pronunciamento em rede de rádio, no qual lançou um Manifesto à nação, no qual
dizia que o regime tinha como objetivo "reajustar o organismo político às necessidades
econômicas do país".
Após a Constituição de 1937, Vargas consolidou seu poder. O governo implementava a
censura à imprensa e a propaganda era coordenada pelo Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP). Também houve forte repressão ao comunismo, amparada pela "Lei de
Segurança Nacional", que impediu movimentos revolucionários, como a Intentona Comunista
de 1935, durante todo o período. A centralização do poder estatal e da política
econômica, juntamente com uma política de substituição de importações, possibilitou a
captação de recursos para o avanço da industrialização no Brasil, e para a criação de
instituições que possibilitassem esse processo, como a Companhia Siderúrgica Nacional e
a Companhia Vale do Rio Doce.
E é nesse período, mais precisamente em 28 de outubro de 1943, que a família esta muito
feliz com a chegada de mais um filho o pequeno Arthur que nasceu na rua Vitor Meireles
nº 6 em Osasco.
Em meado dos anos 1940 a Sra. Serena Ferre, proprietária de um casarão na rua Antônio
Agu, ofereceu ao Sr. Hagop a possibilidade de lhe vender o imóvel.
Este casarão ficava em frente ao Cotonifício Beltramo, (antigo prédio da Fábrica de
Tecidos de Algodão Enrico Dell'Ácqua & Cia.) local do atual Plaza Shopping. Esse
casarão de 1897, foi construído para ser a residência do gerente da indústria
Dell'Ácqua & Cia.
Na foto abaixo a data é 1900, pode-se ver a família Ferre inteira: Dona Cristina, de
vestido preto, Serena Ferre em frente dela, Ercole Ferre seu esposo, Fábio Ferre e José
Ferre na bicicleta e no cavalo Graziela Ferre.
A cocheira foi mais tarde o local da antiga Livraria Siciliano, e entre a cocheira
e a casa havia um pomar.
Esta área do pomar é onde mais tarde foi instalada a Casa Ulysses de Calçados.
Foto tirada a partir do terreno da fábrica de tecidos, e dá para ver perfeitamente,
a cerca de madeira, da mesma.
Para o Sr. Hagop a possibilidade oferecida por Serena era interessante, porem longe
de suas posses. Mas para não deixá-la sem resposta, fez uma proposta absurda para
encerrar de vez o sonho desse negócio, e propôs a metade do valor pedido e com
parcelamento. Claro, Serena não aceitou e nem fez uma nova proposta, foi embora
decepcionada.
Passaram-se dois anos e o Sr. Hagop, vendo que ainda Serena não havia vendido aquele
imóvel, procurou-a e fez então sua oferta, um pouco melhorada, e com um parcelamento
mais longo. Serena então, pediu-lhe um prazo para pensar.
Após alguns meses Serena procurou o Sr. Hagop, e concordou em fazer o negócio.
Claro que a Rua Antônio Agu à época, nesse local, era horrível para se morar, seja
pela posição (em frente a uma fábrica), a fuligem e cheiros exalados pela chaminé,
o apito da fábrica, seja pelas constantes enchentes e o lamaçal, e a falta de
privacidade diante de centenas de funcionários postados a frente da casa nos
intervalos do almoço.
O que entusiasmava o Sr. Hagop, era a possibilidade de, em um único local, poder
morar com a família, montar um laboratório fotográfico, e ainda abrir um Foto
Estúdio com laboratório, e tudo isso próximo de muitas fábricas e de alguns clientes
já fidelizados no seu endereço anterior na mesma rua.
Para realizar esse sonho da casa, o Sr. Hagop contou com a ajuda de sua irmã Madie
(Maxim) e os seus sobrinhos.
Assim, em 1943 se dá a mudança, do foto e de sua família, para o número 223
da Rua Antônio Agu, agora em sede própria, e também residência da família.
O Brasil no periodo de 1946 à 1951
O Governo Eurico Gaspar Dutra teve inicio em 31 de janeiro de 1946, após o advogado
vencer a Eleição presidencial de 1945 com 3 251 507 votos contra 2 039 341 votos para
Eduardo Gomes tornando se o 16º Presidente do Brasil; e terminou em 31 de janeiro de
1951, passando o cargo para Getúlio Vargas.
Seu governo foi marcado pelo início da Guerra Fria, com Dutra adotando total alinhamento
com os Estados Unidos, rompendo relações com a União Soviética, o período teve também o
protagonismo das discussões sobre a política do petróleo, a proibição dos jogos de azar
no Brasil que dura até hoje e o Plano SALTE.
No seu mandato, o PIB brasileiro cresceu em média 7,6%, um dos maiores crescimento da
história do país.
E é justamente nesse período político do Brasil que o casal Hagop e Vahantim tem a
alegria do nascimento de mais uma criança a pequena Hatum (Rosa), que nasceu em 22 de
julho de 1947, já na nova residência, o casarão da rua Antônio Agu 223. Ela foi a última
filha do casal.
Pioneiro no ramo fotográfico em Osasco o “Foto Studio SIS” registrou a história de
muitas uniões de famílias osasquenses.
Presidente Altino era um bairro bem povoado para a época e o “Foto Studio SIS”
ficava justamente entre esse bairro e a Igreja Sto. Antônio onde eram realizados os
casamentos.
Era comum alguns noivos irem na charrete e os convidados seguiam, quase que em
procissão, até a igreja.
Também haviam as fotos em estúdio com hora marcada - um dos quartos da casa foi
transformado em estúdio com painéis temáticos - os painéis mais solicitados eram de
noivado, 1ª comunhão, em escada, em cadeira sofá, entre outros.
A revelação fotográfica é um processo químico que transforma a imagem latente registrada
no filme fotográfico em imagem visível.
O processo da revelação de fotografias éra dividido em cinco etapas, e éra basicamente
químico.
A primeira etapa éra a revelação. Neste estágio, éra utilizado um produto químico denominado
revelador, que por meio da reação de óxido-redução concluía a transformação dos haletos
de prata, contidos no filme fotográfico, em prata metálica. Os reveladores eram soluções
alcalinas, geralmente à base de metol e hidroquinona.
A segunda etapa éra a interrupção. Neste estágio, éra utilizado um produto químico que tem
a capacidade de interromper a revelação da fotografia. Caso isso não fosse feito, o
revelador continuava agindo até escurecer a fotografia por completo. Como as soluções
reveladoras eram alcalinas – básicas – utilizava se soluções ácidas para interromper o
processo. Os interruptores geralmente eram compostos de ácido acético glacial – vinagre
concentrado – ou ácido cítrico.
A terceira etapa éra a fixação. Neste estágio, são retirados da emulsão os cristais de
prata que não se transformaram em prata metálica na primeira etapa. Isto éra necessário
porque caso fiquem vestígios dos haletos de prata sobre a fotografia, estes resíduos
com o tempo podem se decompor e manchá-la. A base do fixador éra o tiossulfato de sódio,
pois ele tem a capacidade de reagir com os cristais de prata e torná-los solúveis em
água.
A quarta etapa éra a lavagem. A função da lavagem éra de extrema importância para a
obtenção de uma fotografia durável e de qualidade. É na lavagem que se retiravam todos
os resíduos químicos presentes na fotografia, e permanecia apenas a imagem de prata
metálica. A fotografia éra lavada em água corrente, por alguns minutos, e o processo da
retirada completa dos elementos reatores da fotografia se dava por difusão, em que os
sais migram do meio saturado para o meio insaturado (água) em busca do equilíbrio
químico. Existia também a utilização de sulfito de sódio para diminuir o tempo de
lavagem e aumentar a eficácia da mesma.
A quinta e última etapa éra a secagem. As fotografias secavam naturalmente, sem a
utilização de tecidos ou papéis absorventes. Havia também a utilização de estufas, mas a
temperatura, neste caso, não podia ultrapassar os 40ºC.
Uma vez revelada, a fotografia não podia mais ser apagada. No entanto, em processos de
revelação precários, éra possível que houvesse manchas e descoloramento no futuro,
embora não a ponto de apagarem por completo a imagem.
A partir do negativo, também se faziam as ampliações fotográficas. O filho Krikor era
especialista em todas essas etapas, e ainda dominava a técnica, e arte de colorir a mão
fotos com os famosos guache importados à época do Japão.
Acho que dá para entender por que no passado a fotografia não era algo barato e acessivel
a maioria das pessoas
"Casa Ulysses de Calçados" se instalando no novo endereço
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Um dos fatores para o desenvolvimento comercial da rua Antônio Agu, sem dúvida, foi
a estação ferroviária bem em frente ao início da Rua.
Pouco a poucos vão chegando novos comércios tornando a rua Antônio Agu cada vez mais
atrativa para o comércio varejista, e menos à implantação de novas indústrias.
É no início dos anos 50 que a "Casa Ulysses de Calçados" muda da rua da Estação,
para a rua Antônio Agu, tornando-se vizinho do Sr. Hagop.
Tarjado em vermelho na foto é o local que será construído o salão que passará a
abrigar o "Foto Studio SIS" que a partir daí deixará de ser no interior do casarão.
Tarjado em verde, espaço de um metro de frente, que será vendido para o Sr. Ulysses
Dante Battiston. como veremos à frente.
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Aos poucos foram sendo introduzidos outros produtos inclusive religiosos como
quadros com a imagem de Cristo, crucifixos, álbuns, porta-retratos, etc.
Em 1953 casa seu primeiro filho Krikor, e o Sr. Hagop não mediu esforços para
realizar uma grande festa. Para tanto vende um metro de frente do seu terreno para
o Sr. Ulysses Dante Battiston (Casa Ulysses de Calçados).
Krikor Koulkdjian e Mariam Guseliam Koulkdjian
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O filho Krikor era muito querido pelos parentes e tinha muitos amigos.
Parentes que moravam no Chile e Argentina enviaram presentes e felicitações.
Presentes não paravam de chegar de todos os cantos. Para ter uma ideia foram mais
de 10 jogos de chá e café, vários jogos de copos todos iguais mais de uma dezena de
aparelhos de jantar, enfim não havia mais espaço para tantos presentes.
O fato é que o casal ia morar no casarão com os pais do noivo, e todos aqueles
presentes não seriam necessários ao dia a dia do casal, e logo veio a ideia de
colocar os presentes excedentes e repetidos em exposição nas prateleiras do foto.
A partir daí o, “Foto Studio SIS”, passa a diversificar ainda mais o ramo de
atividade com a introdução de utensílios domésticos, como copos, pratos, talheres,
e presentes em geral.
Passado algum tempo o Sr. Hagop e o filho Krikor resolvem mudar o ramo de atividade,
e registra nova razão social, passando a razão social para "Hagop Koulkdjian e
filhos Ltda".
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O comércio do Sr. Hagop agora com a vocação para o ramo de utilidades domésticas
torna a atividade fotográfica cada vez menor.
Os presentes do casal Krikor e Mariam tiveram boa saída no Foto, e foram rapidamente
terminando sendo necessária a reposição das mercadorias. A primeira empresa
visitada pelo Sr. Hagop foi a ind. Nadir Figueiredo, seguida da Fracalanza, e
porcelana real.
Documento de naturalização
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Para comprar mercadoria de grandes empresas, e ter crédito junto aos grandes bancos
e instituições financeiras, era necessário estar regularizado com as normas e leis
brasileiras. Nessa época o Sr. Hagop Koukdjian já havia se naturalizado e contava
com o documento assinado por Getúlio Vargas.
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No Final dos anos 50 o Sr. Hagop recepciona para um almoço em sua residência, o
então Prefeito de São Paulo Sr. Adhemar de Barros. Entre outras autoridades
presentes estava o Vereador de São Paulo Sr. Hirant Sanazar.
Almoço com prefeito Adhemar de Barros e Sr. Hirant Sanazar
à época vereador em São Paulo.
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Nessa oportunidade o Sr. Hitant Sanazar solicitava ao Prefeito a construção de uma
ponte no bairro Rochdale.
O Sr. Hagop sabia recepcionar os amigos e parentes como poucos, como trunfo tinha
sua esposa Sra. Vahantin (Valentina) que preparava as delicias da culinária Armênia,
com pratos típicos, que deixava todos com vontade de voltar no dia seguinte.
Nesse dia muitas figuras ilustres de Osasco compareceram à residência do Sr. Hagop.
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Em 1960 - O filho Manoel Manug está servindo o exército no 2º GCAN 90
Após a baixa no exército, Manoel Manug com 20 anos, assume a função administrativa
e de compras na empresa.
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Ainda nos anos 60 o Sr. Hagop recepcionou em sua residência o astrólogo Sr. Omar
Cardoso, muito conhecido na época (o homem do horóscopo) que veio acompanhado com
Roberto Carlos à época em início de carreira (para tratar de um show no Cine Glamour
que acabou não se realizando, na data marcada por motivo de segurança)
Esse show acabou acontecendo em outra data.
Foi nos bastidores do Cine Glamour em Osasco que, segundo comentou Roberto Carlos,
em entrevista a uma revista, que começou a compor a música “Quero Que Vá Tudo Pro
Inferno” lançada em 1965.
Em 1962 é realizada uma reforma e reestruturação da “Casa SIS”, transformando-a num
comércio moderno para os padrões da época. Com os filhos Manoel Manug assumindo a
parte administrativa e o filho Arthur comandando a parte comercial. Seguem-se anos
de muito trabalho e dedicação.
Com o ramo de atividade consolidado, "Hagop Koulkdjian e Filhos Ltda." se transforma
agora em "Casa Sis Utilidades Domestica Ltda." o slogan era: “Casa SIS o Paraíso dos
Presentes”.
Repórter Fotográfico
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O filho Krikor continua no Ramo fotográfico, e como repórter fotográfico do Jornal "A
tribuna de Osasco" de propriedade do saudoso Capitão Rodolpho. que era vizinho da
nossa família, pela atual rua República do Líbano, onde também funcionava seu
consultório dentário.
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Studio Fotográfico "Cuco-Color"
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O novo Estúdio Fotográfico do filho KriKor, agora com o nome de "Cuco-Color", passa a
funcionar na rua Antônio Agu nº , no andar de cima do prédio onde era o famoso Bar e
Confeitaria Central, de propriedade da família Cescon, tinha como visinho o Consultório
dentário do saudoso Dr. Fortunato Antiório.
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Continua..................
Década de 60 - Filho Krikor - mudança de residência - (aluga uma pequena casa na rua João
Batista de propriedade da família Genta). No local hoje esta instalado o 1º Cartório de Osasco
Industria de calçados
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O filho Krikor após encerra suas atividades como fotógrafo inicia em 01 março de 1966 uma
pequena fábrica de sandálias e calçados femininos em um pequeno galpão ao lado da residência na rua
João Batista. A fábrica chegou a ter um breve período de muito sucesso com os produtos
sendo distribuidos em pequenas lojas de bairros, empórios e vendas da região. A produção
era tocada em família com a ajuda dos filhos menores Hagop e Margarida e por sua esposa
Mariam
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Defronte a residência na rua João Batista, aos domingos, era dia de feira. Um dos produtos
que fabricavamos era uma imitação da sandália Havaianas, a nossa, chamavamos de sandálias "A
Bahianas". E era com esse grito de guerra que o filho Hagop colocava as sandalias sobre um
tapete grande em frente da casa para vender. ""COMPRE AQUI A SUA LEGITIMA SANDÁLIA ABAHIANA""
Nessa época o filho Hagop estudava o primário no SESI onde recebeu a noticia para voltar
para sua casa pois que a mesma estava em chamas devido ao incêndio na fábrica de calçados.
Na época a chave elétrica (tipo faca) produziu uma forte faísca iniciando o incêndio que destruiu
toda a fábrica.
Devido ao material altamente inflamável, entre tantos, os plásticos, colas e borrachas, tudo
foi consumido rapidamente pelas chamas.
Muitos vieram em socorro - lembro do querido amigo Gleydemir Batistton que veio correndo
desde a rua Antônio Agu, com o extintor de pó químico, que ao virar para acioná-lo teve
a unha do dedo arrancada.
Já na década de 70 com o comando dos filhos Manoel Manug e Arthur, a Casa Sis cresce
muito. A Rua Antônio Agu já desponta como um dos maiores corredores comerciais de
São Paulo, atraindo para a cidade grandes e famosas lojas de varejo, Bancos de
Crédito, profissionais liberais, Bares, Pastelarias, Livrarias, Bazares, em fim
toda uma gama de pequenos e grandes empreendedores.
Podemos dizer que a Casa SIS ao longo de sua existência foi uma grande escola de
comércio para muitos dos seus funcionários que por lá passaram e saíram verdadeiros
comerciantes.
O Sr. Hagop a essa época ainda cuidava das relações bancárias e financeiras da
empresa.
O Sr. Hagop como membro atuante e participativo da comunidade da igreja Apostólica
Armênia de Presidente Altino, dedica-se a ela, agora com mais tempo e condições.
O Sr. Hagop falece em 18 de junho de 1988 de morte natural em Osasco.
O Sr. Hagop Koulkdjian vindo da distante terra da Armênia, aqui chegou trazendo além
da roupa do corpo sua fé cristã as dores e os traumas de quem vivenciou na infância
atrocidades de uma guerra onde perdeu pai, mãe, parentes, perdeu bens, terra e
Pátria. Porém não perdeu a fé e não deixou de sonhar.
O Brasil foi sua segunda Pátria, aqui plantou sua Fé, colheu os seus Sonhos e
deixou suas sementes.
(Hagop Koulkdjian Neto).
Esta página está em fase de pesquisa e desenvolvimento por Hagop Koulkdjian Neto
Caso algum familiar ou parentes queiram colaborar com informações fotos ou narrativas
poderão enviar para hagopk@uol.com.br
Toda colaboração será bem vinda e a nossa história agradece.
Webmaster: Hagop Koulkdjian Neto.