O mapa abaixo mostra as
províncias Orientais do império Turco Otomano - Armênia - Armênia Ocidental.
É dessa região (tarjada em verde no mapa) a origem da maioria dos armênios que chegaram a Osasco.
O percurso foi longo desde a deportação através do deserto da Síria até chegarem na França, mais
precisamente, no porto de Marselha. Dai muitos embarcaram rumo a América.
Após ser dividida entre o Império Otomano e a Pérsia em 1524, no Império Otomano os armênios
eram tratados de forma diferenciada dos turcos, tendo menos direitos e pagando mais impostos,
porém tinham certa liberdade religiosa, podendo erigir Igrejas e dentro ou em prédios anexos à
ela, criar escolas para educar os pequenos. O idioma turco era obrigatório, porém entre a
comunidade era permitido o uso do idioma armênio. Por conta da educação elevada, os armênios
começaram a se destacar. Muitos estudavam também em colégios de missões americanas, e o número
de estudantes armênios que fazia faculdade na Europa e depois retornava ao Império, assumindo
posições de destaque, era muito grande.
Hábeis comerciantes e artesãos, muitas vezes trabalhavam a matéria prima comprada dos
cidadãos turcos. Vários armênios eram conselheiros dos sultões. A convivência entre
armênios e turcos poderia ser descrita como amigável:
“Após alguns movimentos emancipacionistas no século XVII, em 1828 foi anexada à Rússia uma
parte importante do território armênio. Simultaneamente, o despertar cultural e nacional
criaria entre os armênios a firme convicção de seus direitos, que ingressaram no âmbito da
diplomacia internacional através dos Tratados de São Estéfano e de Berlim (1878).
O ressurgimento nacional induziu à criação dos partidos políticos que orientaram o
movimento armênio de emancipação.”
(KECHICHIAN, 2000, p.16)
A situação começou a mudar quando os armênios começaram a reivindicar mais direitos, por conta
de situações como saques e destruição de vilas armênias pelos curdos. Os armênios não podiam
ter armas e com isso não tinham como se proteger, esperando do Estado otomano este respaldo. O
sultão Abd-Ul-Hamid II, não gostou das reivindicações armênias e em consequência disso
organizou massacres e deportações de armênios entre os anos de 1894 e 1896. O número de mortos
é estimado em 300 mil.
Os massacres hamidianos, como ficaram conhecidos, deram a fama a
Abd-Ul-Hamid II de "Sultão Vermelho" ou "Sultão Sangrento". Nesta época os armênios começaram
a se organizar mais ainda politicamente e aliaram se aos Jovens Turcos, grupo político que se
opunha ao regime de Abd-Ul-Hamid II e propunha reformas que modernizariam o Império e
beneficiariam os armênios. Mal sabiam os armênios que haviam se aliado a seus futuros algozes.
Com a perda dos territórios Balcãs, Abd-Ul-Hamid II foi deposto e os Jovens Turcos assumem o
poder. Havia uma situação de tensão por conta da falta de assentamentos para a população turca.
Pouco tempo depois, os Jovens Turcos começam uma política nacionalista, visando o pan-turquismo
que começou a alarmar os armênios.
Abd-Ul-Hamid II "Sultão Vermelho"
"Sultão Sangrento" |
Jovens Turcos declarando a revolução. |
Em 1914 tem início a Primeira Guerra Mundial e os turcos se aliam à Tríplice Aliança. Como o
território armênio era dividido entre o Império Otomano na parte ocidental e Império Russo na
parte oriental, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial os armênios ficaram em frentes
diferentes. Aproveitando-se deste fator, os turcos ameaçaram os armênios de traição, de
ajudarem os russos, enviando informações e planejando ataques. O governo otomano já tinha um
plano e só esperava o momento propício para colocá-lo em prática.
No livro de Amiralian (2011), são expostos interessantes pontos da Declaração Universal dos
Direitos dos Povos de 1976, que ainda não havia sido criada à época do Genocídio Armênio. São
eles:
”O Artigo 1º Declaração Universal dos
Direitos dos Povos da dispõe: ‘Todo povo tem o direito à existência’.
E o artigo 2º: ‘É inviolável a todo
povo o direito ao respeito à sua identidade nacional ou cultural.’
Acrescenta o artigo 3º: ‘Todo povo tem o direito de manter a posse pacífica do seu território
e voltar a ele se tiver sido expulso.’
E, finalmente, o artigo 4º confronta
diretamente a realidade do genocídio: ‘Ninguém será submetido, por sua identidade
nacional ou cultural, a massacre, tortura, perseguição, deportação, expulsão ou a
condições de vida que possam comprometer a identidade ou integridade do povo ao qual
pertence’.”
Porém, em 24 de abril de 1915, data simbólica do início do Genocídio Armênio por conta do
assassinato de cerca de 250 autoridades religiosas, intelectuais e artistas, eliminando assim
toda uma classe cultural, científica e produtora de conteúdo armênio, todos os artigos do que
um dia viria a ser a Declaração Universal dos Direitos dos Povos seriam violados. Ainda segundo
Amiralian (2011), de acordo com a Convenção sobre Prevenção e Punição do Crime de Genocídio,
que foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 9 de dezembro de 1948, o genocídio
“é um crime sujeito à lei internacional”, quer seja “cometido em tempo de paz ou em tempo de
guerra” (artigo 1).
“Genocídio significa qualquer dos seguintes atos cometidos com intenção de destruir total ou
parcialmente, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como:
- Matando membros de um grupo;
- Causando danos físicos ou mentais sérios aos membros deum grupo;
- Infligindo, deliberadamente, sobre o grupo, condições devida planejadas para efetuar sua
destruição física total ou parcial;
- Impondo medidas com intenção de prevenir nascimentos dentro do grupo;
- Forçando a transferência de crianças de um grupo para outro. (Artigo II).
Nos termos do artigo III: Os atos que seguem são passíveis de punição:
- Genocídio
- Conspiração para cometer genocídio;
- Incitamento direto e público para cometer genocídio:
- Tentativa de cometer genocídio e,
- Cumplicidade no genocídio.
Por fim, o artigo IV estabelece que pessoas culpadas de quaisquer atos acima mencionados
deverão ser punidas:
“mesmo que sejam, de acordo com a Constituição, governantes, funcionários públicos ou
indivíduos (civis).”
(AMIRALIAN,2011, p.30-31).
Paulatinamente todos os terríveis atos discriminados nos Artigos II e III recaíram sobre à
população armênia. Toda família armênia tem uma cicatriz, de algum familiar que faleceu durante
o Genocídio. Todo armênio tem uma história de imigração forçada e um clamor para voltar ao que
um dia foi sua pátria. Todo armênio sofre a indignação a respeito do Genocídio Armênio ser
negado pela Turquia e por conta do lobby que ela exerce em outros países, ainda não reconhecido
oficialmente por nações como a Inglaterra por exemplo, que durante o Genocídio tiveram seus
embaixadores e jornalistas como testemunhas oculares do que estava acontecendo, entre tantas
outras nações.
As evidências do que ocorreu são inúmeras e a maioria tem respaldo de autoridades
internacionais como verídicas, além de todas as fotos e filmagens amplamente realizadas naquele
período. Tanto a Convenção sobre Prevenção e Punição do Crime de Genocídio da Assembleia Geral
das Nações Unidas de 9 de dezembro de 1948 como a Declaração Universal dos Direitos dos Povos
de 1976 ao estabelecerem direitos em relação a liberdade de expressão e existência ou
recomendações condenatórias ao crime de genocídio são fortes argumentos que apoiam uma causa
armênia atual de obter perante a comunidade internacional o reconhecimento da existência do
Genocídio Armênio a partir de 1915. E apesar destes tratados terem sido elaborados muito tempo
depois do fato ocorrido, representam ao menos um avanço em relação à condenação desse tipo de
prática.
Exaustos e famintos |
Algumas vítimas |
Imagem do Instituto-Museu do Genocídio Armênio, na qual
se vê um grupo de armênios enforcados pelas forças otomanas em junho de 1915 |
Vítimas do Genocidio |
Jovens armênias crucificadas pelos turcos |
Soldados turcos posam depois do enforcamento de vários armênios em 1915
em Aleppo, na Síria. |
Uma mãe armênia se senta ao lado dos cadáveres dos
seus cinco filhos. |
Armênios alinhados por volta de 1918. Quase todos eles foram levados
para o deserto e executados. |
Sobreviventes do genocídio que fugiram para Jerusalém,
em 1918. |
Um refugiado armênio com seus filhos na Síria, em 1915. |
A Turquia foge da responsabilidade histórica de reconhecer o crime, o genocídio que seus
antepassados fizeram e com isso não oferece a reparação moral aos que sofreram, não devolve as
terras que usurpou e continua a praticar o genocídio ao não reconhecê-lo.
Atualmente 23 países reconhecem o Genocídio Armênio, entre eles a Alemanha que em 2015 durante
as rememorações do centenário do Genocídio Armênio não só o reconheceu como admitiu que fez
parte dele ao ajudar os turcos, que eram seus aliados, com estratégias e exércitos e também não
impedindo-os de realizarem o genocídio. Os números do genocídio são 1.500.000 de armênios
mortos e uma diáspora que atualmente conta com aproximadamente 8 milhões de pessoas.
(Museu do Genocídio Armênio). Se o Genocídio Armênio tivesse sido reconhecido mundialmente,
histórias tristes como o Holocausto poderiam não ter ocorrido, pois diz-se que Hitler antes de
iniciar esses massacres disse: “E quem afinal se lembra dos armênios?” (Museu do Genocídio
Armênio).
Chegando a um Destino de Paz
Viajavam em navios de carga, amontoados nos porões, levando quase que somente a
roupa do corpo. Aqueles que vinham ao Brasil desembarcavam em Porto Alegre, no Rio
de Janeiro, e em sua grande maioria, no Porto de Santos, onde abrigavam-se na
estação ferroviária e, em seguida, subiam a serra para chegar a São Paulo.
Muitos eram acolhidos por um grande benemérito da colônia armênia, Rizkallah Jorge
Tahanian, que acomodava as famílias em um casarão que possuía na esquina da Rua
Anhangabaú (atual 25 de Março) com a Barão Duprat. Nos três andares do edifício,
cortinas delimitavam o espaço de cada família. Quando já tinham condições, em geral
após alguns meses, as famílias se mudavam para residências próprias, liberando
espaço para que novos imigrantes se instalassem.
Algumas famílias alugavam sobrados em conjunto, cada uma ocupando um quarto e utilizando
as outras dependências, como banheiro e cozinha, de forma comunitária.
Na Rua Florêncio de Abreu havia um salão, também pertencente ao senhor Rizkallah Jorge,
que era usado como igreja, sendo as missas rezadas pelo padre Gabriel Samuelian. Outros
foram acolhidos por Vahram Keutenedjian, outro grande benemérito da colônia.
As primeiras famílias armênias chegaram ao Brasil no final do século XIX, entre elas
os Gasparian, os Keutenedjian, Rizkallah Jorge Tahanian e o Engenheiro Mihran
Latifian (construtor da Ferrovia Imperatriz Leopoldina), resultado das ações turcas
da década de 1890. Curiosamente foram elas que, por já estarem estabelecidas no
país, receberam os grandes contingentes de imigrantes anos depois.
Rizkallah Jorge Tahan (1868-1949) Chega no Brasil
em 1895 |
Busto de Vahram Keutenedjian Nos jardins da Igreja em Osasco |
Os armênios começavam a ganhar a vida no novo país de maneira bem humilde, como
mascates, pequenos comerciantes, operários, engraxando sapatos, vendendo amendoim,
limonada...
A ave chamada “grunk” (grou) é o símbolo da imigração Armênia, sempre voando para a
terra natal para trazer notícias.
Imigrantes Armênios chegam em Osasco
A partir dos anos vinte do século XX, começam a chegar na vila Osasco mais
precisamente onde hoje é o bairro de Presidente Altino, as primeiras famílias de
imigrantes armênios que desembarcaram no Porto de Santos.
A escolha do lugar se deve principalmente pela oportunidade de trabalho em uma
empresa que à época privilegiava a mão de obra desses imigrantes que era o
Frigorifico Wilson.
Esse privilégio se devia ao fato desses imigrantes terem facil adaptação ao frio
e assim renderem muito mais nas camaras frias dessa industria. Outro fator para
virem a Presidente Altino era o baixo custo para se adquirir terras além do serviço
de transporte ferroviário que facilitava para aqueles que trabalhavam na região
da 25 de março e entorno.
Cia. Cerâmica Industrial de Osasco (HERVY) em 1930 |
Frigorifico Wilson em Presidente Altino foi o 2º frigorifico do
Brasil |
Para a região de Osasco chegavam também imigrantes russos, poloneses, ucranianos,
gregos, japoneses entre outros.
Na época as terras dessa região (Presidente Altino), na grande maioria, pertenciam
a Cia. Cerâmica Industrial de Osasco. Que elaborou o traçado e loteamento dos
terrenos.
Para tanto foram realizadas obras de retificação de vários pontos que na época de
chuvas eram alagados em grandes extensões e assim permaneciam por vários meses no
ano.
As obras de aterramento dessas várzeas tornou o bairro na forma plana que hoje se
encontra. este foi o primeiro bairro de Osasco que contou com um planejamento para
o seu loteamento
Diferentemente de outros bairros de Osasco, Presidente Altino além de plano possui
ruas largas e quarteirões bem regulares e definidos.
Família Guselian Presidente Altino |
Imigrante oriundo da antiga cidade de Sis na Armênia - Turca Otomana (Atual cidade
de Kosan - Turquia), Agop Guselian um dos primeiros imigrantes armênios que chegou
a Presidente Altino e se estabeleceu.
Negociante nato logo atingiu sua estabilidade financeira.
Foi um dos primeiros imigrantes armênios a negociar lotes com a companhia Cerâmica
Hervy.
|
Através do conhecimento e experiência adquirida na transação de compra de terrenos
junto a Cia. Cerâmica Industrial de Osasco (Hervy), o Sr. Agop Guselian passou a
ser procurado por seus patrícios interessados em adquirir terrenos.
Muitos não possuíam as condições financeiras necessárias para a compra ou
necessitavam parcelar o pagamento. Nesse sentido o Sr. Agop Guselian muitas vezes
ajudava avalizando a negociação e até emprestando o dinheiro.
Em 1928, os armênios de Presidente Altino decidiram congregar-se com a finalidade
de auxiliarem uns aos outros nos planos material e afetivo. Realizaram uma reunião
na residência de Thomaz Kechichian no dia 1º de maio de 1928, na qual foram eleitos
Keghan Karaghanian (presidente), Dikran Echrefian (vice-presidente), Agop Guzelian
(secretário), Sanazar Mardiros Lopoian (tesoureiro), Zefri Magdesian (bibliotecário),
Tomas Kechichian e Arsen Bulbulian (conselheiros).
Era constituída a
"União Salmo Tzor de Presidente Altino". |
Primeira comissão da colônia armênia de Presidente Altino:
Em pé (da esquerda para a direita): Hagop Manuchakian, Zefri Maghdezian.
Sentados: Stepan Paladjian, Dikran Echrefian (Presidente),
Sanazar Mardiros, Arsen Bulbulian e Agop Guzelian.
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A União era formada por moradores de Presidente Altino maiores de 18 anos. Tanto
homens quanto mulheres podiam integrar-se a ela após residirem por seis meses no
bairro, e não havia discriminação por convicções políticas ou religiosas. Por um
ano, o integrante era um “membro ajudante”. Após este período, era avaliado para
tornar-se membro efetivo, quando passava a ter direito de votar e de ser eleito.
A União era sustentada pelas mensalidades pagas pelos membros (três cruzeiros, na
época), por doações e pela renda gerada por rifas, festas e apresentações.
General Antranik |
Com uma festa em homenagem ao general
Antranig, que reuniu todos os armênios
de Presidente Altino, a União iniciou suas atividades.
A arrecadação desta e de outras festas, acrescida das mensalidades e de doações,
proporcionou a compra de um lote de 500 m2. O proprietário, que era a Cia.
Cerâmica Industrial de Osasco, vendeu-o por um quinto do valor real.
Pouco tempo depois foram adquiridos mais dois lotes, totalizando uma área de
1.500 m2.
Esse terreno ficou provisoriamente em nome de quatro integrantes da União:
Agop Guzelian, Zefri Magdesian, Dikran Echrefian e Sanazar Mardiros Lopoian.
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Em virtude de divergências, mudou-se, em uma reunião geral, o nome da União para
“Sociedade Armênia de Presidente Altino”.
Arcipreste Gabriel Samuelian |
O espaço já havia sido adquirido.
Faltava realizar o sonho de construir uma igreja.
Após mais uma campanha de arrecadações, iniciou-se a construção.
Em 4 de maio de 1930, o Arcipreste Gabriel Samuelian abençoou a pedra fundamental do
novo templo.
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Levantaram-se as paredes até a altura de um metro e meio, mas o dinheiro acabou.
A Diretoria, então, pediu ajuda ao Sr. Vahram Keutenedjian, que prontamente enviou
um engenheiro. Em oito dias chegaram os materiais de construção e os trabalhadores
para terminar a obra, que pouco tempo depois seria concluída.
O Sr. Vahram recusou as homenagens que lhe queriam prestar, afirmando ter dado
apenas uma pequena contribuição. Mesmo assim, ele foi homenageado: a primeira
Igreja Armênia do Brasil recebeu o nome de seu pai, Meguerditch. Foi intitulada
Igreja Apostólica Armênia São João Batista (Surp Hovhannês Meguerditch).
Quando a construção da igreja foi concluída, em 1932, a Sociedade Armênia de
Presidente Altino foi encerrada e o povo elegeu uma nova comissão diretora, formada
por Dicran Echrefian (presidente), Hagop Manuchaguian (secretário), e Sanazar
Mardiros Lopoian, Hagop Guzelian, Arsen Bulbulian, Zefri Magdesian e Stephan
Paladjian (conselheiros).
Já em 1932, quarenta e cinco alunos eram lá educados pelos professores Keghan
Karahanian e Arshaluis Asdurian. Até 1946, a Igreja foi utilizada também como
escola, 80 alunos possuíam uma professora de português e uma de armênio.
A consagração da Igreja aconteceu em 1941...
Restauração da Igreja para as comemorações dos 80 anos
Em Janeiro de 2012 ano em que a Igreja comemorou 80 anos, a diretoria executiva e diretoria do
conselho deliberativo, entenderam por bem realizar uma restauração na parte externa da igreja
que apresentava alguns problemas estruturais.
Em 1º de março de 1942 foi criada a SEC-MAPA (Sociedade Esportiva e Cultural -
Mocidade Armênia de Presidente Altino). A Diretoria era composta por Abraão
Manuchakian (Presidente), Arthur Charles Tchalekian, Artin Pochoglonian, Hatchadur
Derderian, Nubar Kurkdjian, Avedis Seferian, Avedis Tchalekian, Harutiun Tavitian
e Azat Parsekian.
Em maio de 1944, pelo voto secreto, foi eleita uma nova diretoria: Garabed Gudjenian
(presidente), Vartkes Tavitian (secretário), Haigasun Chirinian (tesoureiro), e
Gabriel Atchabahian, Dicran Echrefian, Sarkis Altebarmakian e Aram Seferian
(conselheiros).
Em 1945 iniciou-se a construção de um edifício próprio para a escola, que veio a
ser concluído em junho de 1946 sem o acabamento interno.
AS PRIMEIRAS FAMÍLIAS, ATIVIDADES, E FORMA DE SUSTENTO
Nem todos os armênios foram ou quiseram trabalhar no Frigorifico Wilson ou como
alguns que se empregaram na própria Hervy. Na verdade a grande maioria buscou
variadas alternativas de sobrevivência em diversificadas áreas como comerciantes
e profissionais autônomos.
Os imigrantes armênios traziam consigo o trauma da escassez que vivenciaram em sua
jornada até chegarem a uma terra de paz. Isso os tornou pessoas muito seguras, não
desperdiçavam absolutamente nada. E estranhavam o desperdício que viam nas latas de
lixo por onde passavam.
Muitos deles vislumbraram a possibilidade de fazer dinheiro em coisas que para a
maioria era apenas lixo.
Um exemplo disso é o armênio que com sua carroça de mão ia ao matadouro do
frigorifico Wilson e recolhia os ossos dos bois abatidos que eram jogados fora.
Ele carregava em sua carroça até sua casa e lá fazia a limpeza e processamento
desses ossos e os polia. Após esse trabalho ele comercializava esses ossos com
indústrias de cutelaria já que na época os canivetes e facas tinham seus cabos
feitos de ossos ou madeira. Também vendia no bairro do Bom Retiro para indústrias
de botões e pentes para cabelo.
Outro exemplo de atividade comercial autônoma, comum, entre esses primeiros
imigrantes era que, quando chegavam a Presidente Altino, logo pensavam em possuir
uma vaca leiteira. As vezes reuniam-se duas ou três famílias para essa aquisição.
Além de alimentarem seus filhos utilizavam o leite para a produção de coalhada
(Iogurte). A coalhada é uma tradição na culinária armênia e muito utilizada como
acompanhamento de diversos pratos típicos.
Apos produzida essa coalhada era colocada em latas reutilizadas, muitas vezes latas
de óleo de 18 litros, que os maridos levavam de trem para venderem.
Normalmente os compradores eram os armênios, libaneses e árabes de São Paulo que
formavam um núcleo na região da rua 25 de Março.
Hagop (Jacó do Amendoim) |
Aqui em Osasco tivemos uma figura marcante e tenaz em seu trabalho de vendedor
ambulante, com uma mão de apenas três dedos, vendia amendoim em sua cesta de vime
e a latinha de massa de tomate que servia de medida para uma porção certa.
Seu trabalho era de domingo a domingo sempre em frente aos cine Glamour na Av.
João Batista, em frente a portaria do Clube Floresta na rua Primitiva Vianco e
diversos outros locais da cidade.
Conhecido como "Jacó do Amendoim" seu nome era Hagop - Morava em Presidente Altino
e com seu trabalho sustentou sua família e formou seus filhos nas melhores faculdades.
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No caso do meu avô o Sr. Hagop Koulkdjian, aprendeu a profissão de fotógrafo com um
armênio de São Paulo (Poladian) e com sua câmera de tripé (lambe-lambe) iniciou-se
nesse ramo pegando o trem em Osasco e indo ao centro de São Paulo trabalhando como
fotógrafo ambulante.
Após algum tempo alugou um salão na altura do numero 90 da Rua Antonio Agu onde
montou o primeiro estúdio fotográfico de Osasco em meado dos anos 30.
Hagop Koulkdjian e a esposa Valentina |
O Sr. Hagop morava com a irmã em Presidente Altino e casou-se em 1933 com Valentina
e tinha o sonho de adquirir uma casa.
Nessa época era mais barato adquirir um imóvel na rua Antonio Agu para se morar do
que em Presidente Altino.
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Foi quando surgiu a oportunidade de adquirir da Sra. Serena Ferre a residência que ficava de fronte ao Cotonifício Beltrano (Antigo Cotonifício Enrique D'Laqua).
E assim com a ajuda de familiares e suas economias o Sr. Hagop adquire o imóvel no inicio dos anos 40 para onde se muda com a família e transfere para esse mesmo endereço o seu estúdio fotográfico.
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Esta foto é de 1921.
A Sra. de vestido preto é a Serena Ferre de quem o Sr. Hagop adquiriu a residência.
Nesta foto vê-se a lateral da casa que dá para a antiga Rua Tenreiro Aranha, hoje Rua República do Líbano.
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Era comum entre os armênios terem seus negócios junto a suas residências. Quase sempre montavam o negocio na frente do terreno e atrás construíam sua casa. O padrão dos terrenos em Presidente Altino tinham a medida de 10 mts. de frente por 50 mts de fundo.
Os armênios se ajudavam mutuamente, as diversas famílias interagiam constantemente como se fossem todos parentes.
Alguns armênios pegavam o trem e iam trabalhar no centro de São Paulo em oficinas de calçados de patrícios já estabelecidos a mais tempo. Não demorava muito e montavam seu próprio negocio em Presidente Altino.
Meu avô Harutium Guselian foi um desses que logo montou em frente a sua casa uma oficina de conserto de sapatos e logo começou a fabricar seus próprios modelos.
Os armênios em Presidente Altino iam diversificando sua forma de sobrevivência na medida de suas condições e iam surgindo armênios em diversas atividades como Barbearia, pequenos comércios de calçados, vendas de utensílios domésticos, padaria, alfaiataria, ambulantes, etc.
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Comércio de Osasco com quase meio século onde
a receita da longevidade está no atendimento amigo,
bons preços e muita qualidade
Na foto o Sr. Pedro Vasilian, que com seus irmãos Avediz
e Arthur, montaram um pequeno comercio de meias e
confecções, “OCASIÃO DAS MEIAS”, inicialmente instalado
na Rua Antonio Agu na entrada do prédio que pertencia ao
Grupo Irka e onde inicialmente funcionou o Colégio Padre
Anchieta (a foto é desse prédio).
Os irmãos Avediz e Arthur faleceram, e passados 47 anos
de atividade ininterrupta o Sr. Pedro continua com seu
comércio hoje como franquiado da marca LUPO e instalado
na rua República do Líbano nº 28.
(foto década de 70)
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DOZZA desde 1956 Fundado por Boghos Bochoglonian
Continuada por suas filhas Helena e Cristina e hoje administrada pelas Filhas,
Genros e netos.
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DOZZA
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Fundado por Hagop Assadurian e seu pai a primeira
padaria de Presidente Altino. Depois de um tempo passou a ser uma Esfiharia tocada
pelo filho Hagop e sua esposa Meire. Com a morte de Hagop e Meire passou por um
período de inatividade voltando a funcionar, nos finais de semana, sob o comando dos
filhos e nora
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Hagop (Jacó Padeiro), e sua esposa Meire
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Fundado por................. aguardando histórico e informações da família.
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Família Guselian
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Fundado por................. aguardando histórico e informações da família.
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Família Kamalakian
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Fundado por................. aguardando histórico e informações da família.
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Família Tarpinian
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Hagop Garagem agradece a todos da colônia que tiveram ou possuem seus negocios em Osasco,
que puderem enviar foto, anuncio e um breve histórico da fundação e desenvolvimento.
Muitas mulheres armênias eram hábeis em crochê, bordado e costura.
A diferente culinária armênia também foi se mostrando algo a ser explorado
comercialmente.
No final dos anos 40 e início dos 50 começam a chegar em Osasco as grandes indústrias
que passam a atrair grande número de mão de obra e surge os primeiros migrantes
nordestinos e mineiros, que a princípio chegavam sozinhos sem as famílias. Empregados
passavam a procurar onde morar. Os armênios viram aí uma oportunidade de aumentar seus
rendimentos e passaram a construir em seus quintais pequenos cômodos com banheiro e
lavanderia compartilhados para abrigar de forma acessível (baixo custo) estes
migrantes - Surge aí os chamados "cortiços" em Presidente Altino.
Notas e Informações do Webmaster
Hagop Koulkdjian Neto.
Este site não tem fins lucrativos, apenas o intuito de resgatar, divulgar e manter viva
a história e tradições da Comunidade Armênia de Osasco.
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digitalizações, compilações e busca de documentos e informações cartoriais que
trazem credibilidade aos fatos e histórias aqui descritos.
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Esta sessão esta em desenvolvimento sendo escrita por Hagop Koulkdjian Neto.