1885 a 1887 - João Pinto Ferreira
1887 a 1898 - Antônio Agu
1898 a 1912 - Sensaud de Lavaud & Cia. Ltda.
1912 a 1962 - Cia. Cerâmica Industrial Osasco S/A.
A Cidade de São Paulo no final do século passado, começa a deixar de ser Vila para,
pouco a pouco, se tornar uma Metrópole.
Um primeiro passo era substituir as construções de pau a pique e taipa de pilão por
tijolos
As várzeas dos rios Tietê e Pinheiros forneciam a matéria prima para a fabricação de
tijolos e telhas.
Olarias se avizinhavam nas várzeas dos rios de Guarulhos a Parnaíba no Tietê, e de Santo
Amaro ao Jaguaré pelo rio Pinheiros.
João Pinto Ferreira era um comerciante de secos e molhados no bairro da Luz.
No ano de 1881 ele compra um sítio no Km. 16 da Estrada de Ferro Sorocabana de Francisco
Correa Cerpellos. Este sítio ia do córrego Bussocaba ao córrego João Alves e seguindo
este último até a divisa das terras de Domingos José Nogueira Jaguaribe e descendo pelo
córrego Bussocaba até encontrar o rio Tietê.
Em 1885 João Pinto Ferreira permuta com José Manuel Rodrigues uma pequena parte de seu
sítio por uma loja na antiga Rua dos Italianos atual rua José Paulino próximo à Estação
da Luz.
Esta propriedade é hipotecada a José Mariano e com este dinheiro é construída a olaria
próxima a Estrada de Ferro Sorocabana, Km. 16.
Os tijolos fabricados por esta olaria eram os mais simples.
A economia brasileira começa a sua convulsão cíclica e há neste momento a república e a
abolição bem como, a fragilidade do imperador começam a dificultar novos investimentos,
e até o pagamento das dívidas.
Pressionado pela hipoteca de José Mariano, João Pinto Ferreira vende em 1887 ao italiano
Antônio Agu a olaria.
Antônio Agu era empreiteiro e grande parte dos oleiros que São Paulo dispunha neste tempo
eram italianos.
Em 1889 Antônio Agu se “associa” a Giacomo Fornazari e Antônio Vianco para que a olaria
produza tijolos, telhas e ladrilhos. Do que produziu esta olaria restam hoje apenas os
tijolos.
A imigração cresce e a revolução industrial avança. Antônio Agu vê a necessidade de
trazer tecnologia para a sua olaria e a forma encontrada foi arrendar para o Barão
Evariste Sensaud de Lavaud, engenheiro cerâmico, a sua olaria.
Em 1898 o contrato de arrendamento exige a construção de um forno de fogo contínuo.
Esse tipo de forno só era conhecido na Europa e a sua construção exigia o conhecimento de
matemática e física. O Barão Evariste conhecia jazidas de caulin da Europa e do Oriente
Médio. Seu fascínio pelo processo cerâmico de construção o levara a países como Espanha,
Turquia, Rússia e Grécia.
A simples olaria passa em 1900 a ser a Sensaud de Lavaud e Cia. (Cerâmica Industrial
Francesa).
Do enorme número de olarias existentes apenas 3 passaram a ser indústria cerâmica.
Concorrendo com materiais importados estas indústrias conseguem abastecer o crescente e
próspero mercado brasileiro. Sua linha de produção atinge um ponto comum quando em 1905
elas passam a fornecer manilhas para o governo do estado de São Paulo.
A Sensaud de Lavaud e Cia. Produzia: tijolos comuns, tijolos prensados, refratários e
porosos. Telhas francesas, ladrilhos e manilhas.
Para que essa diversidade de produtos fosse feita era necessário todo um complexo
industrial. Destaca-se neste complexo o conjunto de fornos intermitentes e semi contínuos.
No período entre 1900 a 1912 o bairro operário é conhecido em São Paulo graças ao complexo
industrial da Sensaud de Lavaud e Cia.
Em 1910 a Sensaud de Lavaud e Cia. Adquire da herdeira de Antônio Agu, Giuseppina Vianco,
por 10 contos de réis todo o complexo arrendado.
Dois anos depois deixa de existir a Sensaud de Lavaud e Cia. Que passa a chamar-se Cia.
Cerâmica Industrial Osasco S/A.
O Barão Evariste vende sua parte para os irmãos Pujol e Hermann Levy.
Esta mudança se dá também na linha de produção, tijolos e telhas não são mais produzidos,
senão para suprir algumas necessidades.
O complexo de fornos passa por uma evolução em seu sistema que permanece até 1962 quando
a fábrica de manilhas é fechada.
A estrutura, que começou a ser derrubada em janeiro, foi levantada em 1950, no
lugar dos antigos prédios da Cerâmica.
Descoberta do Sítio
Arqueológico da Antiga Cia. Cerâmica Osasco
Quando da escavação para a construção do Terminal Rodoviário de Osasco, foi
encontrado tuneis de tijolos, manilhas e resíduos da antiga Cia Cerâmica Industrial
Osasco S/A.
Estes túneis estavam aterrados a cerca de 1,50 m do nivel da rua Erasmo Braga.
O que foi encontrado era originalmente o galpão da fábrica de tubos e manilhas da
Sensaud de Lavaud e Cia. Ltda., depois Cia. Cerâmica Industrial Osasco S/A.
Apesar desses registros e mais estudos realizados à época todo o sítio foi ignorado
pelos órgão públicos que não tiveram interesse em manter este legado histórico que
representa o início da industrialização e desenvolvimento da cidade de Osasco.
A área de estudo foi dividida em 4 partes respeitando o período histórico do
material encontrado.
Descritivo:Região onde esta localizada a
área do sítio Geológico
imagem nº 07
Descritivo:Área de estudo do sítio Geológico
imagem nº 08
Descrição das Áreas
A, B, C, D
Descritivo: Pontos localização sítio Geológico
imagem nº 13
Ponto 1A imagem 14
Ponto 1A imagem 15
Ponto 1A túnel imagem 16
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PONTO 1A - TÚNEL
Nesta área foram encontrados os tijolos mais antigos do complexo.
O túnel, executado em parede dupla de tijolos comuns (não refratários) está
assentado com argamassa de argila.
A argila foi encontrada ainda como revestimento do túnel e do piso deste em
camada com cerca de 5 cm.
Foi encontrado nesse túnel, tijolos com a sigla JPF - João Pinto Ferreira que
advém de um período entre 1885 a 1887 e tijolos com a sigla A.A. - Antônio Agu -
1887 a 1898 este último em maior quantidade.
Fragmentos de piso e tijolos refratários com sigla S.L. Sensaud de Lavaud leva a
concluir que o túnel passou por uma reforma em período posterior a 1898.
Este túnel tem uma extensão de aproximadamente 7,00 m. e defletindo em direção à
Hervy, encontrou-se a base de uma chaminé que tem 1,00 m. de diâmetro e esta
ligada a um forno aqui denominado ponto 2A, com cerca de 2,90 m. de diâmetro.
O forno tem como principal característica em seu sistema construtivo, um "compacto"
de tijolos sugerindo uma peça única dando a impressão de ser uma pedra, mas é um
entrelaçar de tijolos unidos por argila, onde existem vazios que propõem uma grelha.
O piso deste local está revestido com cerâmica de alta resistência.
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Detalhe da porta de ferro do forno imagem 20
Ponto 1B Túnel liga o ponto 1B com 2B imagem 21
Ponto B forno imagem 22
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PONTO 1B - TÚNEL
Túnel construido com tijolos refratários, em paredes simples, (apenas 1 tijolo) com
argamassa de argila.
Encontrou-se aqui tijolos com a marca Globe - Marca Registrada Osasco não havendo
registro histórico anterior desta marca, não sendo possível definir seu período.
Este túnel se dirige para o ponto 2B. Neste local foram encontrados vestígios de
peculiar aparência, não sendo possível uma afirmação sobre seu uso.
Conforme escritura pública que orientou as escavações, supõense que essa área
tratava-se do laboratório da Sensaud de Lavaud e Cia., devido à grande variedade
de tipos de tijolos encontrados, bem como sua disposição.
Aqui encontrou-se tijolos da marca Globe, S.L., S.C.A., sugerindo ponto de trânsito
em Cia. Sensaud de Lavaud e Cerâmica Industrial Osasco.
No ponto 3B foi encontrado um forno cujo sistema construtivo difere do forno
anterior (ponto 2A).
Com um diâmetro de +/- 3,50 m. e executado com tijolos refratários, seu interior é
preenchido com tijolos refratários furados e por manilhas, numa disposição ordenada
formando uma grelha.
Deste forno saem duas boquetas onde se encontrou vestigios de carvão e está ligado
a um túnel onde ainda pode-se ver a porta que serve para controlar o calor.
Os tijolos refratários são na maioria da marca Globe e S.L. Sensaud de Lavaud.
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Visão geral imagem 32
Ponto 2C imagem 33
"Glasura" imagem 34
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Ponto 1C - imagem 31
No ponto 1C vê-se um túnel com característica peculiar quanto ao tipo de
tijolos encontrado, apesar de termos tijolos refratários da marca Globe. Sua
formatação foi projetada para ser disposto em curva, isto é, não sendo
necessário ser "aparelhado" para esse efeito como os demais tijolos encontrados
nos túneis anteriormente descritos.
Esta é uma área que compreende bases de fornos retangulares que provavelmente
serviam para a queima de tubos. Estes fornos, conforme escrituras públicas,
tinham cerca de 7.00 m. de comprimento por 3.00 m. de largura por 5.00 m. de
altura.
Eram ainda interligados e servidos por uma única chaminé de 35.00 m. de altura
da qual não foram encontrados vestígios. Pois, conforme fotos da época, devem
situar-se onde hoje é a rua Erasmo Braga.
No ponto 2C destacamos a disposição das grelhas dos fornos descritos que são
recobertos por "glasuras", que consiste na reaçãodo sal com o material que
está sendo queimado após resfriamento, dando um aspecto vitrificado.
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Ponto 1D Chaminé base quadrada 50x50 imagem 35
imagem 36
imagem 39
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Ponto 2D ligação de túneis - imagem 37
Nesta área, devido aos materiais encontrados, verificou-se ser o período mais recente
do desenvolvimento cerâmico.
No ponto 1D há indícios da base quadrada de uma chaminé, 50x50, que segue em direção
à fábrica Hervy. Aqui foram encontrados tijolos com as iniciais IR - Irmãos Rovai que
indicam um período posterior a década de 1920.
Ainda nesse complexo, verificou-se uma ligação de seus túneis (ver pontos 2D e 3D),
com a área anterior descrita.
Após esse período, o processo cerâmico industrial adotou manilhas quadradas em
substituição aos túneis para o resfriamento de fornos e respiros devido às suas
características, ou seja, resistência e facilidade de manutenção.
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Sítio Arqueológico
HAGOP GARAGEM COMENTA
Hagop Garagem QUESTIONA SOBRE O DESTINO DADO AOS MATERIAIS ENCONTRADOS E AO SITIO
ARQUEOLÓGICO
Fotos diversas produzidas
durante "os trabalhos arqueológicos"
Webmaster: Hagop Koulkdjian Neto.