A História da Fábrica de Louças RR
(Romeo Ranzini)
Romeo Ranzini, um dos principais pioneiros da indústria de louças finas no Brasil, chegou com
a família no Brasil em 1888 aos 4 anos de idade, vindo da Itália.
Aqui dedicou-se, junto ao seu pai Xisto Ranzini, à costrução civil como empreiteiro de obras.
Entretanto, também empreendeu estudos na área da química industrial, o que mais tarde viria
a ser fundamental no desenvolvimento de sua fábrica de louças.
Em 1909 já demonstrava interesse pela produção de louças. Mas foi em 1912 que Romeo abriu
com mais 5 sócios (os dois irmãos Fagundes, Theodomiro M. Uchôa e Otto F. Backheuser) a
Fábrica de Louças Santa Catharina (razão social “Fagundes, Ranzini & Cia”), no bairro da
Água Branca - São Paulo - SP.
O nome da fábrica foi uma homenagem à santa de devoção de sua esposa. A construção dos
galpões da fábrica, cujo projeto foi copiado das fábricas de louça alemãs, foi executado
pelo próprio Romeo e seu pai.
Em 1912, viajando à Itália, contratou operários e técnicos ceramistas para virem ao Brasil,
uma vez que no país não havia ainda mão-de-obra especializada para atuar nesse tipo de
indústria.
A empresa produzia vasos, pratos, tigelas, canecas, xícaras, pires, aparelhos para jantar,
para lavatórios e para chá, além de “objetos de fantasia”. Muitos destes técnicos, alguns
anos mais tarde, findo o contrato com Ranzini, se tornariam os proprietários de várias outras
novas indústrias de louça no Brasil, como por exemplo Giuseppe Zappi (José Zappi), em um
período de grande expansão desta indústria em nosso país.
Embora tenha contratado técnicos ceramistas italianos, era o próprio Romeo o responsável
pela orientação técnica e estética que norteava a produção na Santa Catharina.
Seus conhecimentos de química industrial, bem como suas relações com artistas de renome da
época era o que o capacitava a exercer tais funções.
Depois de sucessivas crises financeiras ao longo da década de 1920, em 1927 a fábrica Santa
Catharina é vendida ao grupo Matarazzo, como pagamento de dívidas da fábrica com o banco de
Matarazzo, permanecendo Romeo como coordenador das atividades produtivas da Cerâmica
Matarazzo ainda por quatro anos. Por esta razão é que se observa uma continuidade nas peças
fabricadas pela Santa Catharina e pela Cerâmica Matarazzo em sua unidade de São Paulo.
Romeo Ranzini sempre se preocupou em aprimorar as técnicas existentes para a fabricação de
louça de pó-de-pedra, bem como pesquisar e desenvolver novas técnicas, e testar matérias
primas de diversas procedências, comparando os resultados experimentais obtidos com os de
outros fabricantes no Brasil e no exterior. Isto pode ser verificado em vários documentos
e cadernetas de anotação pessoais, datados entre 1932 e 1945, existentes no Museu Paulista,
o que demonstra que Ranzini vivia uma busca ininterrupta do aperfeiçoamento de seus produtos.
A Fábrica de Louças RR (Romeo Ranzini)
em Osasco
Em 1931 (data provável) Romeo Ranzini abre sua segunda fábrica de louças, a Fábrica de Louças
RR, que funcionou inicialmente em São Paulo (no bairro da Lapa), e mais tarde (1946) em
Osasco. A data de encerramento da fábrica de louças RR é impreciso, sendo algo entre 1952
e meados da década de 1950.
É incontestável a importância deste grande pioneiro da indústria de louças no Brasil, não
apenas por ter estado à frente de 3 grandes fábricas por mais de 40 anos, entre 1912 e
meados da década de 1950, bem como pelo fato de muitas das novas fábricas que foram surgindo
depois eram de propriedade de ex-funcionários e ex-técnicos, muitas vezes trazidos do
exterior por Romeo Ranzini.
Ranzini foi um personagem fundamental para que nossa indústria de louças se provasse viável.
Apesar de Ranzini ter sido proprietário de 3 fábricas, nunca chegou a ficar rico, pois era
acima de tudo um idealista, criou uma fábrica enorme (Santa Catharina) quando ninguém
acreditava que haveria mercado para louça de faiança fina produzida no Brasil, pesquisou
e desenvolveu pastas cerâmicas, vernizes e glazuras por conta própria, com praticamente 100%
de matéria prima nacional, trouxe técnicos estrangeiros e formou um enorme contingente de
mão-de-obra local, e com isso assentou o terreno para que depois dezenas de outras fábricas
pudessem se instalar, e estas sim, fazer muito dinheiro.
No local onde havia essa indústria em Osasco hoje encontra-se a OSRAM do Brasil.
Em Osasco há uma Rua com o nome de Romeu Ranzini localizada no Bairro: PQ. SANTA FÉ
Estou tentando encontrar fotos dessa fábrica de Osasco. Caso alguem tenha, e queira colaborar,
entre em contato com hagopk@uol.com.br
Fonte:
Imagens e textos desta pagina foram obtidos através do site
www.porcelanabrasil.com.br o qual possui uma vasta pesquisa sobre o desenvolvimento
da industria cerâmica no Brasil.
O site desenvolvido por Fábio Carvalho já conta com mais de 500 páginas sobre a
história das fábricas nacionais, e mais de 6.000 fotos de marcas e peças de faiança
e porcelana, dezenas de artigos sobre história e técnicas cerâmicas, e uma extensa
bibliografia sobre o assunto.
Webmaster:Hagop Koulkdjian Neto.