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A Cobrasma foi fundada no ano de 1944, na cidade de Osasco, por Gastão Vidigal. Durante uma reunião no dia 21 de outubro de 1943, no Setor de Produção Industrial, em São Paulo, a que estiveram presentes banqueiros, diretores de estradas de ferro e industriais, discutiu-se um primeiro projeto com vistas à construção de material ferroviário no País.
Titulo:
Descritivo:
Autoria:
Local: Cobrasma
Série: Osasco Antiga
Data:
Foto nº 046
A propositura foi aprovada, considerando-se o desgaste do material rodante durante a segunda
Guerra Mundial, o aumento do tráfego e a não reposição desse material, praticamente todo
importado. Já existia a indústria de rodas coquilhadas, bem como a de montagem de vagões.
Mas era necessário que se fabricassem truques, engates, aparelhos de choque e tração, eixos,
entre outros. A Companhia Siderúrgica Nacional já fornecia chapas e perfilados de fabricação
100% nacionalizada.
Em conseqüência, em 1º de setembro de 1944, fundou-se a Companhia Brasileira de Material Ferroviário. Nesse mesmo dia, foram aprovados os estatutos com o capital inicial de NCr$40.000, 00.
Atividade Inicial
O programa do projeto inicial previa a produção de: um mínimo de 250 vagões por mês, eixos comuns e excêntricos, cilindros forjados para laminadores, blocos para estampagem, recipientes forjados para pressão interna, flanges e várias peças.
A Cobrasma iniciou sua produção e, em menos de um ano, a fundição de aço começava a fabricar partes para vagões e outras peças para o mercado ávido de material de qualidade. Nesta primeira fase, as peças fundidas e os componentes dos vagões ferroviários produzidos pel empresa eram fabricados segundo a técnica fornecida pela American Steel Foundires, de Chicago, E.U.A. O plano estudado, além da fundição de aço, incluía a produção de sínter, aciaria, laminação forjaria, tratamento término e fabricação de aços-liga.
Posteriormente, o plano foi concretizado excluindo-se a produção de sínter e a laminação.
Ao completar 25 anos, a Cobrasma, concretizou o ideal daqueles que se propuseram dotar o País
de uma indústria que contribuísse marcantemente para acelerar seu ritmo de progresso e
desenvolvimento.
Em sua expansão, a Cobrasma já ultrapassou os limites do mercado interno, levando para além
das fronteiras a marca que identifica o elevado padrão de qualidade dos produtos de sua
fabricação. Sua históra, em ritmo de desenvolvimento sempre crescente, é bem o reflexo do
dinamismo e da capacidade de ação aliada a alta eficiência técnica.
Firme no propósito de contribuir cada vez mais para o progresso da economia nacional, a empresa não se afastou do seu objetivo, consubstanciado no propósito de diversificar ao máximo a linha de seus produtos, para atender à demanda sempre crescente do mercado.
A Quadra das Primeiras Realizações (1944/47)
Início das instalações industriais. Contratos com grandes firmas norte-americanas para representação e também uso de suas patentes para fabricação de produtos ferroviários: American Steel Foundries (truques, engates, aparelhos de choque e tração) e General Railway Signal Company (sinalização automática para estradas de ferro).
Em 1945, instalação da Fundição de Aço,atualmente a maior da América Latina. Novos contratos com firmas especializadas norte-amercianas, destacando-se a Whiting Corporation, fabricante de guindastes e macacos para locomotivas e vagões, mesas giratórias, guinchos, pontes rolantes e outras especialidades. Montagem e entrega de 594 vagões de tipo fechado, inteiramente de aço, com capacidade para 36 toneladas de lotação. Início da fabricação de mais 600 vagões, destinados ao Departamento Nacional de Estradas de Ferro.
Em 1947, a Cobrasma torna-se principal acionista da empresa Forjas Nacionais S.A., Fornasa.
A Hora e a Vez do Aço e do Ferro (1948/50)
Maio de 1948 acontece a primeira corrida de aço na Cobrasma. Em junho iniciou a produção industrial de aço e ferro dentro de elevado padrão técnico. 1.385 toneladas de peças fundidas em apenas seis meses. Procura excede a expectativa. 1.284 vagões para diversas estradas de ferro e companhias particulares e reparação de 259 vagões já fazem parte do acervo da Cobrasma; em carteira, ordem de reparação de outros 1.339 vagões. Em 1949, a Cobrasma atinge o pleno desenvolvimento de sua produção industrial. As peças fundidas e os lingotes alcançam um total de 8.615 toneladas.
A Oficina de Vagões constrói 30 novas unidades e remodela 422. De acordo com os planos de expansão industrial, sào iniciados estudos para a construção e montagem da Forjaria de Peças.
Em 1950, índices de produção cada vez maiores são alcançados: a Fundição registra 18.323 toneladas produzidas; a Oficina de Vagões remodela 469 unidades e constrói mais 73.
A Cobrasma assume o controle acionário da Fornasa S.A. Indústria e Comércio reestrutura a empresa, desenvolve a produção de tubos pretos e galvanizados e de outros, como tubos para permutadores de calor, para caldeiras e para indústria automobilística.
A Oficina de Matrizes (1951/53)
Em 1951, a Fundição produz 23.753 toneladas e a Oficina de Vagões constrói 311 novas unidades.
O ano de1952 é difícil, com sérios empecilhos referentes à importação, restrições de energia elétrica e retração do mercado. A Cobrasma, porém, envida esforços para levar a bom termo a montagem de sua Forjaria de Peças.
Inicia e conclui a construção do prédio destinado à Oficina de Matrizes e começa a levantar a
estrutura metálica do edifício destinado à Forjaria. Devido às restrições à importação, surgem
sérios problemas quanto ao aparelhamento especial encomendado para a instalação da Forjaria.
Em 1953, agravam-se as dificuldades externas. Mesmo assim, a Fundição produz 19.925 toneladas
e a Oficina de Vagões constrói 343 novas unidades e remodela 167. O edifício da Forjaria de
Peças esta praticamente concluído. Superando todas as dificuldades, a Cobrasma começa a
receber os equipamentos destinados à Forjaria.
Forjaria em Ação (1954)
Excepcional demanda de peças fundidas permite à Fundição voltar a atingir alto índice de produtividade. No curto prazo de 135 dias, a Oficina de Vagões atende a uma encomenda de 150 vagões fechados para a Estrada de Ferro de Goiás. E a Forjaria, mesmo ainda incompleta, inicia seus trabalhos, lancando-se decididamente à conquista do mercado de peças forjadas, até então suprido quase exclusivamente pela importação.
Em 1955, a Forjaria contribui com um contingente apreciável para suprir o mercado interno de peças forjadas. O setor ferroviário faz seu primeiro grande fornecimento de material rodante para a Argentina, passo inicial para a exportação. Preparando-se para atender à nascente indústria automobilística nacional, e em obediência a um plano aprovado pelo GEIA, a Cobrasma firma um acordo com a Timken Detroit Axle, dos EUA, para a fabricação de eixos frontais e traseiros para caminhões. No ano seguinte chegam os primeiros equipamentos destinados à fabricação daquelas autopeças. Novos e importantes acordos são firmados com empresas norte-americanas, dentre as quais: The M.W. Kellog Company (fabricação de fornos de aquecimento direto e permutadores de calor destinados às indústrias químicas, principalmente às refinarias de petróleo); General Railway Signal Company, com a qual já matinha relações comerciais (equipamentos para sinalização ferroviária); Union Asbestos and Rubbler Company (fabricação de freios manuais para vagões ferroviários de carga).
Braseixos (1957)
Notável desenvolvimento no setor das atividades industriais da Cobrasma, com todas as suas seções em franca ascensão produtiva. Em conjunto com a Rockwell Spring and Axle Co. (atualmente, North American Rockwell Corporation), a Cobrasma constitui uma nova companhia, Cobrasma Rockwell Eixos S.A., uma das quatro empresas do grupo Cobrasma. Sua principal atividade é a indústria metalúrgica e de construção mecânica, especialmente a de peças para a indústria automobilística: eixos frontais e traseiros para automóveis e caminhões, inclusive conjunto diferencial.
A produção de material ferroviário se reduz por falta de encomendas. Em compensação,
verifica-se uma crescente demanda de peças forjadas para a indústria automobilística.
Torna-se necessária expansão da Forjaria de Peças para atender à procura. O Banco Nacional
do Desenvolvimento Econômico (BNDE) dá o seu aval para um financiamento no valor de
US$1.620,000 do Export Import Bank, destinado à aquisição do equipamento necessário à
expansão da Forjaria. A Cobrasma inicia também as obras de expansão de sua Aciaria, pra
suprimento de matéria-prima à Forjaria de Pás.
Inaugura a oficina destinada à produção de equipamentos de sinalização ferroviária, no termos
do acordo firmado com a General Railway Signal Co.
Assina contrato com a Nordberg Manufacturing Company para representação e venda de
equipamentos especializados para manutenção de serviços em vias permanentes de estradas de
ferro.
A conclusão das obras de ampliação dos edifícios da Aciaria e da Forjaria de Peças. A
instalação de um novo forno elétrico de doze toneladas permite duplicar a capacidade de
produção de aço líquido.
Quadruplicada a capacidade de forjamento com a instalação de uma bateria de martelos e máquinas adquiridas nos Estados Unidos, em prosseguimento ao programa de expansão da Forjaria.
Início dos estudos para a instalação da Forjaria de Prensas, terceiro grande plano de expansão da Cobrasma, aprovado pelo Geia, em virtude das dificuldades de obtenção de matéria prima para sua Forjaria dentro ds especificações do material "forging quality" e nos prazos exigidos pela linha de produção.
Fundada a Brasprensas (1960)
Reorganização da Oficina de Matrizes, planejando-se sua ampliação. Prosseguem os trabalhos de montagem da Forjaria de Prensas. Funda-se a Brasprensas Rockwell S.A., originalmente Parachoques Ibesa Rockwell Ltda. Seu objetivo é a fabricação de prensa das simples ou em conjuntos parcialmente montados, tratamento de peças metálicas entre outros, destinadas principalmente à indústria automobilística.
Conclusão das obras para ampliação da Oficina de Matrizes e da instalação da Forjaria de Prensas. Em cumprimento a amplo programa de modernização, são substituídos três grupos de máquinas de moldar e adquiridos modernos equipamentos para controle de qualidade (exames de raios X, inspeção ultra-sônica e magnatest).
Reequipamento das oficinas, para melhor atender à fabricação de equipamentos para refinarias de petróleo e às indústrias petroquímicas e de plásticos.
Inauguração da Forjaria de Prensas, em 1962. Aquisição de novas máquinas fresadoras para matrizes e melhoria da produtividade dos martelos de forjamento. Novas encomendas do mercado de materiais ferroviários. Contratos para fornecimento de trens-unidades à Estrada de Ferro Central do Brasil, vagões de carga para a R.F.F. e vagões de minérios para a Cia. Vale do Rio Doce. Exportação de vagões para o Uruguai. Aumenta o volume de encomendas e sào elaborados novos planos de expansão da Oficina de Vagões e da Fundição.
Acordos com a General Steel Industries, dos EUA, para a fabricação dos truques "Commonwealth" para carros de passageiros, e com a Cardwell Westinghouse Company para a fabricação de aparelhos de choque e tração.
Em 1963, importação de modernas máquinas para reforçar a produçào de peças forjadas. Prosseguem os trabalhos de modernização e ampliação da Fundiçào. Conclui-se a instalação da seçào de fundição de peças para truques "Commonwealth" e inicia-se a instalação do moderno equipamento adquirido para a importante "Seção de Moldagem Manual".
Aceleração das obras dos novos edifícios da Oficina de Vagões e da Oficina de Equipamentos Químico-Industriais, em área de 15 mil metros quadrados.
Resultados Positivos (1964/65)
Aprimoramento o serviço de programação e controle e introduzidas novas técnicas nos métodos de produção Apesar da retração dos negócios e do racionamento de energia elétrica, os resultados são positivos. Desenvolve-se a produção de peças para os truques "Commonwealth" e de peças de grandes dimensões. Iniciadas as obras de um edifício e seis pavimentos, junto à Usina de Osasco, para abrigar quase todos os escritórios que se encontravam na Capital. Em 1965, em que pesem as preocupações financeiras, prosseguem as construções e substanciais obras de reequipamento.
Desenvolvimento de ações especiais para construções mecânicas "forting quality" e aperfeiçoamento de métodos de produção de peças grandes, especialmente para a indústria da construção naval, válvulas e prensas hidráulicas. Estudos de métodos e materiais novos de moldagem, especialmente os processos Shell e os moldes cerâmicos.
Desenvolvimento de novas linhas de forjados, destacando-se as de elos de tratores de esteiras e de motores estacionários. Aquisição de modernos equipamentos de solda, caldeiraria e usinagem para a Oficina de Equipamentos Petroquímicos.
Em 1966 foi marcada pelos esforços para consolidação dos programas de expansão. Notável aumento de produção na Aciaria e na Forjaria de Prensas. Esforços na Forjaria de Peças, antes voltada exclusivamente para a indústria automobilística, no sentido de diversificação de clientes.
Completado o desenvolvimento de peças para tratores e motores estacionários e iniciados outros, como o de peças forjadas para campo de petróleo.
A Oficina de Vagões prossegue na fabricação de trens-unidades. A Oficina de Equipamentos Petroquímicos executa um grupo de grandes permutadores de calor em aço cromo-molibdênio e monta, para a Refinaria Presidente Bernardes, de Cubatão, como parte de seu sistema de reforma catalíca, o maior forno de aquecimento direto produzido no Brasil, com capacidade de troca térmica de 140 milhões de B.T.U./hora e peso aproximado de 540 toneladas. Iniciada a construção de grandes caldeiras com a assistência técnica da The Babcock & Wilcox U.S.A.
Em 1967, grande falta de solicitações do mercado de material ferroviário e de equipamentos industriais, não obstante, pela elevada produção decorrente da demanda da indústria automobilística.
Incorporação da Forjaria de Peças à Braseixos. Introduzidos os serviços de computador
eletrônico para controles de contabilidade, finanças, cálculos de folhas de pagamento,
controles de estoque e outros.
Início da mudança dos escritórios da Captial para o novo edifício de seis pavimentos. Em 1968,
registra-se maior agressividade da política de transportes dos governos federal, estadual e
das autarquias e sociedades de economia mista.
Em conseqüência, são feitas maiores encomendas de material ferroviário, ativando a produção
no setor. Registra-se substancial crescimento na produção de peças para a indústria
automobilística, de tratores, cimento,mineração e britagem, com a conquista de novos clientes.
Progride o setor de equipamentos industriais constituídos de permutadores de calor, vasos de
pressão, condensadores, torres de resfriamento, fornos de aquecimento, caldeiras e outros,
sob assistência técnica de tradicionais firmas americanas.
Trem Elétrico
A Cobrasma foi a primeira empresa brasileira em construir um trem de unidade elétrico Francorail, adquirido pelas Ferrovias Paulistas Fepasa no final da década de 1970 dentro do seu plano de remodelação do sistema de subúrbio da Grande São Paulo e Rio de Janeiro. Esses trens rodavam originalmente na linha tronco do sistema de subúrbios da antiga E.F. Sorocaba, entre Júlio Prestes e Itapevi.
No Rio de Janeiro o trem de unidade elétrico fabricado no Brasil pela Cobrasma, foi designado por série 900, entraram em operação nos subúrbios da antiga Central de Operação no Estado em 1980.
Locomotiva no Setor Pede Concordata em 1991/92
Na entrada da torre que abriga a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pode-se ver, em discretas letras cromadas, o nome Luís Eulálio de Bueno Vidigal Filho batizando o edifício. Foi uma homenagem dos amigos empresários a um dos mais jovens presidentes que já passaram pela entidade. Eram tempos áureos, de uma Fiesp forte, representativa.
Quanto às pendências tributárias, está tentando renegociá-las. Mas não imagine Vidigal de braços cruzados. Ele nunca foi assim. Nos últimos anos, colocou o governo no banco dos réus. Quer, a exemplo do que ocorreu com as empresas aéreas, reaver as perdas que teve no Plano Cruzado. Ele garante que o governo, só em reajustes, lhe deve uma bolada. "A Cobrasma sempre dependeu do governo e este foi meu maior erro", conta. O empresário, expert em números, diz que perdeu as contas dos calotes das estatais. "Pleiteio o reajuste do que tenho a receber conforme a inflação do período".
Se o julgamento, que deve durar uma década, for favorável a ele, Vidigal garante que deverá
receber algo em torno de R$ 950 milhões. "Daria para pagar tudo o que devo e ainda preservar
os imóveis", diz.
E por que Vidigal foi à forra depois de seis, sete anos da derrocada da Cobrasma? Até então,
garante ele, havia promessas de novos contratos, havia esperança.
Para entender a situação da Cobrasma é preciso voltar no tempo. A Companhia Brasileira de Material Ferroviário foi, durante anos, uma locomotiva no setor. Era a fornecedora preferida do governo e chegou a exportar vagões e equipamentos para países tão diferentes quanto o Gabão e os EUA.
Todo esse prestígio começou a ruir quando a União responsável por 70% das encomendas à Cobrasma reduziu drasticamente os pedidos. Adicione-se aí a crise que colocou o setor ferroviário na lona, erros administrativos e altos custos nas fábricas e o resultado não poderia ser outro: seis anos consecutivos de prejuízos até a concordata no biênio 1991/1992.
Em 1993, a Cobrasma conseguiu levantar a concordata, mas caiu de novo nos anos seguintes e resolveu encerrar as atividades.
Reativação dos Galpões da Cobrasma
Em 1997 foi constituída a empresa Flanel/Flanaço, dirigida por Carlos Roberto Seiscentos, que
havia trabalhado 30 anos na antiga Cobrasma.
Nessa época a empresa alugou um galpão de onze mil metros, antigamente utilizados como oficina
mecânica, colocando em atividade 30 funcionários, sem energia elétrica que havia sido cortada
há dez anos.
"Antes de iniciarmos essa nova produção, a Cobrasma continuou sua produção reduzida e utilizava geradores a diesel".
No final de 2002 começou a dificuldade na produção de aço no País por esse material ficar em
poder de duas poderosas empresas. "Essas empresas ditavam todas as regras e após sete anos
estávamos caminhando para o fim. Fomos pedir a autorização ao proprietário do terreno Luis
Eulálio de Bueno Vidigal Filho para arrendarmos uma parte", explicou Seiscentos.
Em outubro de 2002, o diretor geral da Flanel sugeriu aos engenheiros a fabricação do próprio
aço, através da reciclagem de sucatas.
Através da parceria com a multinacional Amsted Maxion e a MWL, a Flanel começou a vender aço
líquido para essas duas empresas que produzem material para moldes ferroviários e contrataram
400 funcionários.
Após aumentar a demanda dos pedidos, a partir de outubro de 2003, a empresa passou a se chamar
Flanel/Flanaço. "No início da produção contratamos 300 pessoas. Depois do aumento da demanda
pelo produto, foram abertas outras 150 vagas. Desse total, 80% trabalhavam na extinta Cobrasma.
Com essas contratações, adquirimos profissionais qualificados e com experiência na área, o
que nos garantiu economia de tempo e treinamento", disse o diretor-geral da empresa.
A empresa produz 500 toneladas de barras de aço todos os meses e está com a produção vendida até abril desse ano. Já a fabricação de eixos para vagões, realizada em parceria com a MWL, deve passar de 500 peças/mês para 800 a 1000 unidades no decorrer de 2004. "A MWL era a segunda maior produtora de eixos do País. Depois da parceria, em 2003, a fabricante passou a ocupar o primeiro lugar no ranking", contou.
A empresa osasquense é também responsável pelo fornecimento de 1,5 mil toneladas de aço líquido para a multinacional Amsted Maxion, um das maiores fabricantes de vagões do País.
"A nossa meta para os próximos seis meses é atingir a quantia de quatro mil toneladas.Além disso, parte da matéria-prima utilizada na produção do aço vem de sucatas. Atualmente, a empresa recicla 2,5 mil toneladas por mês, número que deve chegar a 6 mil".
A estimativa de Seiscentos é transformar a Flanaço nos próximos quatro meses, a maior fundição da América Latina e batalhar para que a rua da Estação seja trocada de nome para professor Luis Eulálio, empreendedor da mega-fábrica.
Braseixos Rockwell S.A.
A Cobrasma S.A. Indústria e Comércio, então denominada Companhia Brasileira de Material Ferroviário Cobrasma, iniciou em 1951 um programa de diversificação de suas linhas de produtos para fornecer peças à incipiente indústria automobilística brasileira.
Dentro desse programa, instalou moderna forjaria, inaugurada em 1º de junho de 1954. A ação do Governo brasileiro, empenhado na implantação da indústria automobilística, concorreu decisivamente para a participação da Cobrasma, que, para atingir seus objetivos, firmou em novembro de 1955 o contrato com a Rockwell Spring and Axle Company (atualmente North American Rockwell Corporation) para assistência técnica na produção de eixos dianteiros e traseiros completos, inclusive diferenciais, para veículos automóveis.
Ainda em 1955 e durante 1956, iniciou-se a fabricação dos componentes dos eixos dianterios e traseiros em várias etapas. Os programas estabeleciods foram apresentados em projeto ao Grupo Executivo da Indústria Automobilística (Geia) - em dezembro de 1956, tendo sido aprovados pela Resolução nº33 de junho de 1957.
Face ao vulto do empreendimento, e após negociações com a Rockwell Spring and Axle Company, criou-se uma nova empresa - a Cobrasma Rockwell Eixos S.A - com participação da empresa norte-americana em seu capital social.
A nova empresa constitui-se em Assembléias Gerais realizadas em 30 de outubro de 1957 e em 8
de novembro do mesmo ano. Posteriormente, em novembro de 1961, sua razão social foi mudada
para Braseiox Rockwell S.A.
Cumprindo as etapas de instalação e produção previstas, a Braseixos efetuou suas primeiras
entregas de semi-eixos e cubos, em junho de 1959,.
A segunda etapa de produção foi cumprida em 1960, com a fabricação de vigas e carcaças.
A terceira, em 1961, com a produção de mangas de eixos e braços de direção.
A quarta e última, em 1962, com a fabricação de diferenciais, tendo alcançado, assim, a produção de eixos completamente montados.
No decorrer destes anos, conseguiu-se maior diversidade na fabricação de peças de eixos e uma ampliação progressiva das quantidades produzidas: em 1959, eram produzidas peças apenas para dois modelos de eixos para caminhões; na época eram fabricados eixos para cerca de 15 tipos diferenciados de veículos, incluindo caminhões, ônibus, camionetas e automóveis.
Em março de 1968, a Forjaria inaugurada pela Cobrasma, foi incorporada à Brasiexos. E a empresa passou a constituir-se de duas grandes divisões: a Divisão Eixos e a Divisão Forjaria, com sua linha de forjados, principalmente de autopeças.
Fornasa S.A.
Fundada em 1945 sob a razão social Forjas Nacionais S.A., foi a primeira indústria metalúrgica a se localizar em Volta Redonda junto à grande Usina produtora de matéria-básica. Constituída com capitais exclusivamente nacionais, empregando técnicos brasileiros, equipamento de alta eficiência e matéria prima nacional; foi incorporada ao Grupo Cobrasma em 1950.
Desde 1947, a Cobrasma já era sua principal acionista.
A Fornasa iniciou a fabricação de tubos para condução de água, vapor, ar comprimido, entre outros, em 1949.
A princípio, sua produção anual era de 3 mil toneladas de materiais tubulares. Seu progresso, porém, acentuou-se com o aumento gradativo de capacidade de produção. O equipamento foi sendo modernizado e ampliado de acordo com os avanços da técnica do ramo.
A produção foi automatizada a par da introdução da técnica do ramo. A produção foi automatizada a par da introdução da técnica da inspeção de qualidade em todas as fases da fabricação, o que elevou para 13 mil toneladas anuais sua capacidade de produção.
Brasprensas Rockwell S.A
Visando o maior atendimento à indústria automobilística brasileira, a Cobrasma, juntamente com a Rockwell Standarda Corporation (atual North American Rockwell Co.) e a Ibesa, Indústria Brasileira de Embalagens S.A., fundou, em 23 de abril de 1960, a Parachoques Ibesa Rockwell Ltda., que teve mais tarde sua razão social mudada para Brasprensas Rockwell S.A., tendo a Cobrasma e a North American Rockwell Co. assumindo o seu controle acionário. O objetivo principal da Brassprenss é a estampagem de prensados simples ou conjuntos montados, pára-choques para automóveis e peças similares.
Em 1963, teve início a construção de seu edifício industrial e escritórios, em terrenos próprios no município de Osasco, ocupando uma área de 136.765 metros quadrados com área construída de 1.954,55 metros quadrados.
Concluídas as instalações e montagem em 1967, a Brasprensas iniciou suas atividades
industriais com serviços de estamparia metalúrgica, tendo como primeiros clientes a
Volkswagen e a Braseixos.
ATUALIZANDO E INFORMANDO.... (Antonio Dimas Bussadori)
A Cobrasma Osasco encerrou suas atividades em novembro 1994.
A parte fabril permaneceu inoperante até Maio de 2003, quando ela foi reativada, nascendo a
Flanaço Ligas Especiais com foco na Aciaria e Forjaria de Desbastes.
Em 2005 a Flanaço foi "alugada" para Amsted Maxion, de Cruzeiro, que passou a produzir grande
quantidade de material ferroviário.
Com a crise americana de 2008, a Amsted Maxion também encerrou suas atividades na planta de
Osasco e devolveu a Aciaria e Forjaria para a Flanaço.
Foi então "destituida" a Flanaço e criada a Etna Steel, empresa que operava Aciaria, Forjaria
e a antiga PM (Fábrica de Rodas), atual Melo Monteiro.
Em fevereiro deste ano de 2017, foi decretada a falência da Etna Steel. Aciaria, Forjaria e
PM estão desativadas e lacradas pela Justiça.
01 - INTRODUÇAO:
Os fatos aqui narrados são da autoria de Shiguel Hasegawa que viveu em loco a angustia e sofrimento de uma greve.02 - O PLANO DA GREVE:
Ao contrário do que publicamente foi considerado, esta greve foi planejada e preparada totalmente fora da Cobrasma por diversos grupos reacionários e agitadores contrários à revolução de 1964 e foi coordenada pelo Sindicato dos Metalúrgicos. Nesta coordenação, arregimentou-se algumas pessoas para trabalharem no Grupo Cobrasma para fazerem os preparativos junto ao chão de Fábrica.03 - A LIDERANÇA DOS GREVISTAS:
Com todo plano elaborado, com um numeroso grupo de grevistas que marcharam pela rua da Estação de pronto renderam a vigilância e invadiram a Cobrasma liderado por um “funcionário da Forjaria,” que foi treinado pelo Sindicato de nome José Barreto, mais conhecido como Zequinha.04 - O INÍCIO DA GREVE:
Como habitualmente fazíamos diariamente, as 08:00 horas da manhã, todo "staff" da FORJARIA se reunia para avaliar a performance da produção do dia anterior e estabelecer-se as metas de produção do dia. Eram cerca de 08:30 h quando repentinamente o nosso responsável pelo Expediente, pediu licença e adentrou a Sala de Reunião. Prontamente ele nos notificou que a Fábrica toda tinha parado e o pessoal havia entrado em greve. Incontinente, encerramos a reunião que era realizada numa sala no mezanino da fábrica e todos os membros da reunião desceram à fábrica para verificar o que é que realmente estava acontecendo.05- O DISCURSO DE UM GREVISTA:
Quando descemos à Fábrica, observamos de imediato que um dos líderes da Greve, o Zequinha havia subido ao alto de uma pilha enorme de Blocos de Aço e, com um Megafone, discursava para os trabalhadores. Quando nós, da equipe da reunião se aproximou para cientificarmos sobre o que de fato estava acontecendo, o pessoal, de uma forma precavida aos poucos começou a se afastar da assembleia a fim de que os mesmos não pudessem ser entendidos como grevistas. Vendo isso, aquele Lider gritou em alto e bom som: "Pessoal, não preciosa ficar com medo desses "puxas sacos", pois, não são eles que pagam o seu salário, etc. etc.".06 - A GREVE PROPRIAMENTE DITA:
Ao observarmos o discurso do Lider, de pronto notamos que o mesmo já portava uma arma de fogo na cintura. Num primeiro momento, estranhamos que o líder Zequinha era um funcionário da minha equipe do PCP na área do controle da Produção, o qual, fazia apontamento de produção da fábrica. Daí, voltando à época da sua admissão, lembro-me que o encarregado da área, na ocasião, muito satisfeito, contou-me que havia contratado um apontador que tinha o curso clássico, enquanto o requisito para a função era de apenas o primário completo. Naquela oportunidade, lembro também que questionei o Encarregado sobre o porquê dele não ter encaminhado o candidato para uma outra área que exigia esse tipo de formação. Prontamente ele me respondeu que o candidato queria e fez questão de trabalhar na Fábrica... Nesta greve, entendemos o porquê do candidato ter feito questão de trabalhar na Fábrica. Resumindo, mais tarde ficamos sabendo esse candidato (Luiz Carlos Barreto) era o braço direito do Lamarca que foi o grande líder e terrorista contra o governo militar.07- PRIMEIROS FATOS OCORRIDOS:
O Eng. Fernando Albuquerque Vaz que era da Engenharia, logo na 1a. hora do expediente havia se deslocado para a área Comercial (Vendas) que ficava no Edifício da Administração para tratar de assuntos de engenharia e comercial. Com a eclosão da greve, todos os Portões e Portarias foram tomados pelos grevistas, inclusive o refeitório, também recém construído. Com esse fechamento dos Portões, o Eng. Fernando que ficou "preso" no Prédio, acabou sendo nomeado o porta voz da Forjaria para retransmitir toda instrução da alta direção. Por outro lado, eu (Shiguel Hasegawa) acabei ficando como o interlocutor das instruções que eram passadas pelo Eng. Fernando. Desta forma, fui intimado a não arredar o pé da proximidade do meu ramal telefônico de nº. 135. Logo em torno das 09:30h, o Eng. Fernando me informou que o pessoal por liberalidade própria, caso pudesse, poderia pular os muros e rumar para suas casas, exceto, os Chefes de Setores e Departamentos que deveriam permanecer em seus postos de trabalho. Cerca de 60% do pessoal conseguiu pular o muro e rumou para suas casas. Os grevistas percebendo estas fugas, imediatamente montaram guarda armada em todos os perímetros da Fábrica, portanto, a partir desse momento, ninguém mais conseguia fugir. Lembro também que um Caminhoneiro que transportava Sucatas, ficou preso na Fábrica e me procurou para ajudá-lo a sair da Fábrica. Nesse sentido, fui negociar com os grevistas e eles simplesmente me disseram: "A gente deixa o caminhoneiro sair, mas o caminhão fica aqui"...08 - O ALMOÇO:
Como o Restaurante também estava sob o comando dos grevistas, fez-se uma refeição mais simples para alimentar o pessoal e os grevistas que haviam tomado a Fábrica. Lembro que nesse horário e ao longo do dia, o LASQUINHA que tinha o Bar da Esquina, bateu o recorde de venda de lanches, águas e refrigerantes, que eram levados pelo seu pessoal até a portaria.9 - O PERIODO DA TARDE:
Como já pressentíamos que iríamos pernoitar na Fábrica, do muro pedimos ao Lasquinha que nos trouxesse Baralhos para jogarmos Truco, Buraco ou Pif Paf. Nessa época, no Bairro em que eu residia (Vila Isabel) próximo às Paineiras, minha casa era a única que tinha telefone. Então, todo pessoal que morava nessa região me pedia para mandar recados para as suas casas. Olha, foi uma "encheção de saco" que não teve tamanho. À minha mãe, eu pedi que ela ficasse tranquila que estava tudo bem comigo e que eu talvez não voltasse para casa naquele dia.10 - OS ACONTECIMENTOS DA NOITE:
Após passarmos toda tarde jogando baralho, diante do clima que se formou, todo pessoal que estava próximo de mim, poucos foram jantar. Como o dia foi longo e monótono, continuamos jogando baralho. Em torno das 19:00h, o Eng. Fernando me liga e pediu que eu agrupasse todo pessoal que estava comigo, assim como, todo o pessoal da Matrizaria onde o Carlos Seiscentos ficou como o Sub Coordenador, ao qual, eu pedi que fizesse o mesmo. Ao questionar o Eng. Fernando sobre qual o motivo de eu ter quer seguir com o pessoal para os Escritórios da Fundição, o mesmo em poucas palavras me disse: "Junte todo o pessoal e vá o mais rápido possível para os Escritórios da Fundição"... sem saber do que tratava, incontinenti rumei com o pessoal para a Fundição.11 - CONSCIÊNCIA DA GREVE:
Somente quando nos aproximamos da Fundição, tivemos a noção exata da extensão da greve. Os grevistas gritavam palavras de ordem e nos xingavam de todos os nomes possíveis. Como éramos o último grupo a chegar na Fundição, após subimos as escadarias, e logo foram atiradas escrivaninhas em todos degraus da escadaria e a porta foi trancada a 7 chaves. Quando estávamos lá em cima nos escritórios, ouvíamos a gritaria dos grevistas que diziam: "Vamos pôr fogo nisso e explodir tudo". Eles se referiam a uma Bomba de Gasolina que existia a cerca de 30m da escadaria, portanto, logo ali próximo onde todos nós estávamos confinados. Lembro que o Domingos Modaffore chorava muito por estar preocupado com seus filhos, porque todos nós imaginávamos que iriamos pros ares e consequentemente mortos...12 - RESGATE COM O BATALHÃO DA POLÍCIA!
No momento que imaginávamos que os grevistas iriam atear o fogo, o Batalhão de Choque com Blindados e Cavalaria invadiu a Fábrica (ver foto) e atirou os cavalos em cima de quem estivesse na frente. Como a maioria dos grevistas estavam fazendo guarda ao longo dos muros, ao deparar com a invasão da PM, pularam o muro e fugiram. Nesse particular, fiquei com pena do pessoal não grevista que estava retido na Fábrica ´porque não haviam conseguido fugir na parte da manhã, e assim, entraram na "borracha" e foram submetidos às ordens da PM, formando filas indianas enormes (ver foto) de gente com as duas mãos na cabeça para passarem por uma TRIAGEM. Nos que estávamos no Escritório da Fundição fomos libertados pela PM que nos deu apoio até a estação de trem as 23:00 horas. A partir daí, para se chegar em casa o risco era de cada um de nós.
Descritivo: No caminhão passando pela triagem.
Local: Cobrasma
Série: Osasco Antiga
Data: 1968
13 - O FIM DE TUDO:
No dia seguinte, ao retornarmos para a Forjaria, encontramos diversos funcionários que passaram a noite escondidos no subsolo dos Martelos ou deitados lá no alto das Pontes Rolantes. Sobre este aspecto, como ser humano, fiquei um tanto quanto contrariado, pois, todo pessoal que passou pela Triagem e se escondeu como deu, "pagou o pato" pelos grevistas que espertamente fugiram quando o Batalhão de Choque invadiu a Fábrica.14 - CONCLUSÃO:
Obrigado aos amigos que me acompanham e se solidarizaram comigo na descrição deste relato. Convém finalmente salientar que passadas as expectativas difíceis a que fomos envolvidos com a iminência da morte, agradecemos a Deus por continuarmos vivos e estarmos aqui narrando este fato histórico.15 - A PRISÃO E FUGA DO LÍDER
Conforme o amigo Roberto L P Silva, o Zequinha chegou a ser preso quando tentava se esconder nas instalações da Caixa d’água. Posteriormente, deve ter sido liberado e se juntou ao Capitão Lamarca nas matas de Goiás. Foi perseguido pelo Exército e acabou sendo fuzilado ao lado do Capitão Lamarca em 1969, provavelmente nas matas entre Góis e a Bahia.